Cultura & Lazer Titulo
Cineasta brasileiro roda novo filme com orçamento reduzido
Rení Tognoni
Da Redaçao
03/06/1999 | 14:33
Compartilhar notícia


Com apenas R$ 400 mil no orçamento, o cineasta Toni Venturi embarcou nesta quinta com sua equipe para o Mato Grosso, para rodar seu novo filme, Latitude 9º. Depois de O velho, de 1997, documentário sobre a vida do líder revolucionário Luiz Carlos Prestes, o cineasta investe agora numa história fictícia, que narra a vida de três pessoas marcadas pela infelicidade. O filme é baseado no livro As coisas ruins da nossa cabeça, de Fernando Bonassi.   

O orçamento baixíssimo, apesar de nao tê-lo feito desistir do projeto, limitou algumas das açoes de Venturi. Para se ter uma idéia, o novo filme de Tata Amaral, Através da janela, que deve estrear este ano, consumiu R$ 1,7 milhao, e Orfeu, de Cacá Diegues, custou R$ 7 milhoes.  

 Diante de tao poucos recursos, o elenco de Latitude 9º, por exemplo, foi restrito a apenas três atores: Débora Duboc, Celso Frateschi (ex-secretário de Cultura andreense) e Cláudio Jaborandy. Também para conter ao máximo os custos com locaçao, Venturi alugou um galpao no bairro da Mooca, em Sao Paulo, e realizou ali, com os atores, quase dois meses de ensaios com um cenário improvisado - uma geladeira vermelha, copos e uma estrutura de madeira imitando o balcao de um bar. Com isso, os erros e pesquisas de encenaçao foram resolvidos nos ensaios, e as filmagens no Mato Grosso encolheram de oito para quatro semanas.  

Sobre o segredo para realizar um longa com pouco dinheiro, Venturi respondeu ao Diário, ainda no galpao da Mooca: "É necessário organizaçao, racionalizaçao e profissionalismo. O gasto é maior quando nao se sabe o que quer". O cineasta necessita de mais R$ 400 mil para finalizar o filme.  

Após explorar a vida de Prestes, Venturi acredita que chegou a vez de falar das populaçoes que moram nas fronteiras do Brasil. Latitude 9º, apesar de filmado no Mato Grosso, retrata uma regiao do Amazonas que vive do garimpo, mas em pouco tempo cai no abandono devido ao esgotamento do ouro.   

"O filme investiga o universo destes brasileiros que moram nas fronteiras e precisam de novas oportunidades", diz. "Tanto em O velho como em Latitude 9º procuro a mesma coisa, que é mostrar a realidade brasileira".  

É neste cenário devastado pelo garimpo que se passa a história de Lena (Débora), uma mulher grávida de oito meses, abandonada pelo namorado, o coronel Matos (Frateschi), e que tenta refazer a vida trabalhando num bar. As vésperas de ter seu bebê, ela abriga o policial Vilela (Jaborandy), procurado por matar uma criança.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;