Cheiro que ficou depois do incêndio na unidade
obrigou pessoas a recorrerem ao item para respirar
O cheiro similar ao de gás que faz parte da rotina de quem vive na região do Polo Petroquímico, no bairro Capuava, em Mauá, ficou muito mais intenso após o incêndio ocorrido na quarta-feira na Braskem, devido ao rompimento de uma tubulação.
O odor, que permaneceu até o início da tarde de ontem, era tão forte que moradores e trabalhadores dos arredores recorreram a máscaras para conseguir respirar. Um deles foi o vendedor Alexandre Vieira, 37 anos, que mora bem próximo ao local do incidente. “Aqui sempre tem esse cheiro no ar, mas depois da explosão ficou pior. Durante a madrugada estava muito intenso”, contou ele, ressaltando que a situação ficou ainda mais difícil para a mulher, que está grávida de oito meses. “Ela sentiu muito enjoo e dor de cabeça.”
Em um posto de combustível instalado em frente à área do Polo, os frentistas e demais funcionários só conseguiram trabalhar com o uso da máscara. “Sem bater o vento até dava para aguentar, mas, quando ventava, tinha que colocar a mão no nariz, não dava para respirar. Tive que comprar as máscaras”, falou o gerente Henrique Simioni, 22, que gastou R$ 60 na compra de 15 itens. Embora a respiração estivesse protegida, o mesmo não aconteceu com os olhos. “O olho queima e fica todo vermelho.”
Com problemas respiratório, a idosa Cosmina de Souza, 71, também sofreu com os efeitos pós-incêndio. Aliás, ela afirmou que a convivência com os poluentes emitidos diariamente pelo Polo já chegou ao limite e por isso, na próxima semana, ela se mudará para Mogi Mirim, no Interior. “Aqui a saúde vai para o espaço. Para onde vou o cheiro é outro, de mato, ar puro”, garantiu.
A Agência Ambiental ABC 1 da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) recebeu diversas reclamações da comunidade local referentes ao forte odor. De acordo com o órgão, o cheiro de plástico queimado é devido à limpeza da tubulação e não existe perigo de toxicidade. Em nota, a Braskem ressaltou que o odor “diminuiu significativamente ao longo do dia, demonstrando que as ações operacionais vêm surtindo efeito e reduzindo as consequências normais de uma parada de produção em uma indústria petroquímica.”
Empresa pode ser autuada por impactos
A Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) vem acompanhando os trabalhos que a Braskem realiza após o incêndio em sua unidade e informou que, posteriormente, se necessário, a empresa poderá ser autuada conforme legislação ambiental vigente.
Segundo o órgão, a equipe irá analisar, nos próximos dias, as causas do incêndio, os impactos ambientais decorrentes e as justificativas da empresa para definir a penalidade a ser aplicada. A punição pode ser de advertência com exigências para que novos acidentes dessa natureza não aconteçam ou multa, que pode chegar a 10 mil Ufesps (Unidades Fiscais do Estado de São Paulo) – o equivalente a R$ 212,5 mil –, além das exigências técnicas cabíveis.
A planta industrial da Braskem está com produção paralisada e ainda não há prazo para a retomada dos trabalhos. Dos seis funcionários que ficaram feridos no incidente, apenas um permanece em observação médica e, segundo a empresa, deve ter alta em “um ou dois dias, no máximo.”
A Braskem informa que segue atendendo a comunidade e prestando os esclarecimentos necessários no número 0800 77 00 108.
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