Na várzea está o futebol romântico. Dos atletas de fim de semana, que não recebem um centavo para vestir a camisa do time de coração. Que, na maioria das vezes, têm de pagar para usar o manto sagrado do clube do bairro. Além disso, desfilam sua arte em campos de terra batida. E mesmo assim de lá já saíram muitos craques.

Na última Copa do Mundo, que não gostamos de lembrar pelo vexame frente à Alemanha, a Seleção contava com David Luiz, que deu seus primeiro chutes e passes em campinhos de Diadema, passou rapidamente por equipes brasileiras e hoje atua no Paris Saint-Germain, uma das maiores agremiações do planeta.

O defensor, que na quinta-feira começa a ajudar o Brasil a garantir uma vaga na Copa de 2018, sentiria vergonha semelhante à causada pela Alemanha, no fatídico 7 a 1 da semifinal do Mundial do Brasil, se soubesse da bola fora da Prefeitura de seu município.

A retirada do gramado sintético de campo do Vila Alice por falta de pagamento é, no mínimo, vexatória. O prefeito Lauro Michels (PV), que colocou placa com seu nome e procurou captar para si o bônus da obra, tratou rapidamente de jogar para o governo federal o ônus gerado pelo calote. Mais ou menos como aquele jogador perna de pau que, ao receber a bola, se livra dela rapidamente para não comprometer-se com a torcida.

Pois bem, o fornecedor não quer saber quem é o dono do cofre. Precisa é receber o pagamento. Como o dinheiro não pingou na conta, agiu rápido e mandou seus funcionários buscarem o tapete verde que havia disponibilizado.

Prefeito Lauro, comparando a uma partida de futebol, seu mandato está nos minutos finais do segundo tempo. Ano que vem vamos ter nova seleção para a cadeira que o senhor ocupa, e quem decide são os eleitores. Muitos deles ligados ao futebol varzeano, seja como jogador, dirigente ou torcedor. Ainda dá tempo de virar o jogo. Entre em campo e resolva a disputa.