Economia Titulo Até julho
Crise chega ao comércio e setor fecha 3.161 vagas no Grande ABC

Ramo de roupas e calçados, que já eliminou
1.601 apenas neste ano, foi o que mais demitiu

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
22/09/2015 | 07:06
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Ari Paleta/DGABC


A crise chegou ao comércio, gerando o fechamento de postos de trabalho nas lojas da região neste ano. De janeiro a julho, a atividade comercial já está com saldo (diferença entre contratações e demissões) de 3.161 vagas fechadas, mais da metade disso (1.601 cortes) em estabelecimentos de roupas, tecidos e calçados, de acordo com levantamento da FecomercioSP (Federação do Comércio no Estado de São Paulo), com base em números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho.

O varejo nas sete cidades possui 113 mil trabalhadores, sendo que 13,8 mil estão no setor de vestuário e calçados, o segundo que mais emprega na região.

Os dados, que se referem ao emprego com carteira assinada, refletem a redução do consumo, causada pela inflação e taxas de juros bancários em ascensão, aponta o assessor econômico da FecomercioSP Jaime Vasconcellos. Isso porque, com o custo de vida beirando os 10%, conforme o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de agosto, as pessoas perdem poder de compra, e como o endividamento das famílias é elevado, fica difícil o acesso ao crédito. Com faturamento menor, os lojistas são obrigados a adequar custos e uma dessas formas é reduzir o quadro de funcionários.

Soma-se a isso o acirramento do desemprego em outras áreas, sobretudo no setor industrial, que tem efeito em cadeia por todas as atividades. Só em julho, as fabricantes fecharam 2.331 postos nos sete municípios, enquanto o segmento comercial eliminou 179 vagas. “Vemos o que está acontecendo na indústria e, naturalmente, isso impacta no comércio”, afirma Jonas José dos Santos, diretor do Sindicato dos Comerciários do ABC, referindo-se não só aos cortes mas também a medidas das montadoras – como a Mercedes-Benz, Volkswagen e Ford –, que vêm adotando lay-off (suspensão de contratos de trabalho) e também PPE (Programa de Proteção ao Emprego), que reduz a jornada de trabalho e os salários para manter os empregos. Em ambos os casos existe complementação da renda por parte do governo. “Há um clima de incerteza”, observa Santos.

SUBSETORES - Os ramos de concessionárias e eletrônicos tinham sido os mais atingidos no ano passado. Agora, os destaques, em termos percentuais, são lojas de vestuário (-10,2%, com eliminação de 1.601 postos) e também móveis e decoração (-5,9%, com redução de 204 vagas).

Entre os subsetores do comércio, apenas a área de supermercados e a de farmácias e perfumarias escaparam da queda no saldo de vagas neste ano. A primeira teve a abertura de 197 postos e a segunda, apenas quatro a mais. Isso mostra, segundo Vasconcellos, que o consumidor está priorizando o consumo de itens que não são supérfluos. “A crise vai se agravando. O nosso receio é que também atinja os bens essenciais”, afirma.

RANKING - No Estado de São Paulo, o Grande ABC foi a quarta melhor região em julho, perdendo apenas para a de São José do Rio Preto (62 vagas abertas), Osasco (20 postos a mais) e Presidente Prudente (saldo zero). Por sua vez, no acumulado do ano, os sete municípios não figuraram nem entre os dez piores nem entre os dez melhores. Onde houve maior fechamento de vagas foi na Capital (-14.155), e maior abertura. em Aparecida (228 postos).




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