Setecidades Titulo Santo André
Obra é escorada para demolição de casas

Suspeita é que obras realizadas em condomínio
residencial no Parque das Nações sejam a causa

Do Diário OnLine
16/09/2015 | 07:07
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André Henriques/DGABC


Atualizada às 11h45

A obra de um condomínio residencial responsável pelo desabamento de dois imóveis vizinhos na madrugada desta segunda-feira, na Rua Japão, no Parque das Nações, em Santo André, está sendo escorada na manhã desta quarta para que as máquinas possam entram no terreno e demolir as duas casas que foram mais danificadas. Ao menos outras quatro residências também sofreram prejuízos. Os moradores não se machucaram no acidente.

Serão necessárias entre 800 e 1.000 viagens de caminhões, cada um com capacidade em torno de 15m³, lotados de terra para que a altura chegue a 5 metros para que, assim, o maquinário consiga realizar o serviço.

A energia do local também será cortada nesta quarta-feira para que a Eletropaulo faça a remoção de uma árvore que está em frente à obra. Por volta do 12h, um engenheiro da Defesa Civil de Santo André vai avaliar as condições de uma das casas para liberar a entrada dos moradores para retirada de pertences.

Ainda não há previsão de liberação do tráfego na via

Entenda o caso
Na madrugada de segunda-feira, a obra de um condomínio residencial localizado na Rua Japão, no Parque das Nações, desabou e danificou ao menos seis casas. Embora nenhum morador tenha ficado ferido, o episódio ampliou a sensação de medo pela vizinhança, que já vinha alertando as autoridades sobre os problemas desde o início do ano.

A principal suspeita é de que os trabalhos de escavação do terreno onde a empresa Pompeu Engenharia pretende erguer prédio residencial tenham ocasionado as rachaduras nas casas vizinhas e, consequentemente, o acidente.

Os imóveis que desmoronaram haviam sido interditados pela Defesa Civil de Santo André na tarde de segunda-feira, o que evitou uma tragédia. As duas residências deverão ser demolidas. Na tarde de ontem, outras duas casas foram interditadas na Rua França, tendo em vista que as edículas e o quintal dos fundos foram afetados.

Outros dois imóveis na Rua Japão foram desocupados voluntariamente por seus moradores, embora não apresentassem risco iminente na avaliação da Defesa Civil.

Das famílias que desocuparam suas residências, cinco foram para casas de amigos e parentes, enquanto uma foi para um hotel por conta própria.

A Rua Japão foi bloqueada para o trânsito entre as ruas França e Bélgica. A Defesa Civil destacou que aguarda a demolição dos imóveis condenados para avaliar se a via foi afetada e apresenta risco, antes de sua liberação.

De acordo com vizinhos, as moradias já apresentavam sinais de rachaduras e inclinação após o início dos trabalhos de perfuração por parte da construtora responsável pela obra. “Desde o começo do ano já estávamos registrando chamados em decorrência de rachaduras que surgiram na nossa casa. O engenheiro da obra chegou a nos visitar algumas vezes e fazer reparo”, relata a empresária Danila Lima da Fonseca, 33 anos.

Ela ressalta ainda que o último chamado feito por ela ocorreu na sexta-feira, 72 horas antes do episódio. “O engenheiro disse que não tinha risco nenhum. Em outra ocasião ele falou que eu estava preocupada demais e que eu era neurótica.”

Em nota, a Pompeu Engenharia disse “não ter sido a empresa contratada e responsável pelo projeto e pela execução das estruturas de contenção do Residencial Club Park das Nações, em Santo André”. A construtora ainda ressaltou ter iniciado os seus trabalhos recentemente.

Entretanto, ontem à noite, moradores confirmaram que, em reunião realizada com diretores da empresa, ficou acordado que a construtora se comprometeu em arcar com o custo do aluguel das famílias removidas.

Moradores afirmam que tragédia já era prevista

“As rachaduras só aumentaram nos últimos meses. Em outra ocasião o mármore de um dos nossos banheiros caiu sozinho. Já era possível ver que algo não estava certo”. A declaração do gerente geral Márcio José Fonseca, 43 anos, mostra que antes mesmo do desabamento de casas vizinhas à construção de condomínio residencial, no Parque das Nações, moradores já temiam pelo pior.

Segundo Fonseca, por diversas vezes ele e sua mulher abriram chamado junto à equipe de engenharia da construtora responsável, entretanto, só reparos eram feitos. “No final das contas, foi na parte em que as manutenções eram realizadas que o chão cedeu. Agora, a situação é essa. Já posso calcular prejuízo de R$ 200 mil só na parte dos fundos da minha casa, além, claro, do desconforto de sair de casa com mais cinco pessoas.”

Para o vigilante Rodrigues Oliveira, 47, outros sinais já indicavam que algo estava errado. “Nas últimas semanas, todos já notavam um barulho de rachaduras nas casas durante o dia todo.”

Preocupados, os moradores do entorno da obra evitaram dormir em suas residências desde o fim se semana. O professor Vagner Aimo, 50, foi um deles. “Nos últimos três dias o barulho foi mais intenso. Minha família já não estava dormindo em casa antes do episódio. Eu, por exemplo, esta noite (ontem) dormi no meu carro.”

Moradora da Rua França desde 1961, a aposentada Regina Namickas, 79, também se viu obrigada nos últimos dias a dormir na casa do seu filho. “Só estou vindo aqui de manhã para pegar algumas coisas. Mas de noite não tenho ficado em casa. Agora ainda mais em decorrência da interdição parcial dos fundos da minha residência.” (Com informações de Daniel Macário e Nelson Donato)




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