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Equoterapia cresce no Grande ABC
Isabela Treza
Especial para o Diário OnLine
16/09/2015 | 07:00
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Divulgação


Entre carinhos na crina do cavalo e emoção no passeio, a equoterapia tem proporcionado cada vez mais qualidade de vida e avanços terapêuticos e educacionais para os pacientes com necessidades especiais, ajudando no desenvolvimento biopsicossocial. No Grande ABC, a procura tem crescido e já são cerca de 564 pessoas em tratamento, distribuídos em Santo André e Mauá com 260, São Bernardo, 192, São Caetano, 92 e Ribeirão Pires com 20 pessoas. Diadema não oferece o atendimento e Rio Grande da Serra não informou.

A modalidade é considerada um tratamento com custo relativamente alto, que pode variar entre R$ 300 a R$ 490. Geralmente o paciente faz uma sessão por semana. Algumas entidades possuem convênios com as administrações municipais para facilitar o acesso dos pacientes que não possuem condições ao atendimento.

São Caetano tem 92 pessoas na equoterapia. A cidade é a única da região que oferece o tratamento gratuitamente para seus munícipes. É necessário que o paciente tenha o encaminhamento dado por alguma UBS (Unidade Básica de Saúde), posto de saúde ou hospital para a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) da cidade, que cobra R$ 80 a sessão avulsa para pessoas que não são de São Caetano.

Em São Bernardo, a instituição Voo de Liberdade trabalha com esquema de bolsistas, assim como a Cidade dos Meninos, em Santo André. A clínica Coração Valente, também de Santo André, tem a ARCV (Associação de Reabilitação Coração Valente), que atende gratuitamente as pessoas que não apresentam condições socioeconômicas.

Mauá possui convênio com a instituição andreense Cidade dos Meninos e para ter acesso a equoterapia é necessário estar matriculado na rede municipal de ensino e entrar em contato com o Departamento de Educação Especial da Secretaria de Educação.

A clínica Cavalo Alado, de Ribeirão Pires, além de trabalhar com o sistema particular de atendimento, também busca padrinhos para ajudar pacientes que não têm condições de custear o tratamento. Atualmente, existem 60 crianças nessa situação.





Famílias vivem intensamente a evolução dos pacientes


O tratamento é bem aceito não apenas pelos seus resultados, mas também por aqueles que o fazem, como é o caso de Victor Lucas Lira Carvalho, 13 anos, de Santo André, que pratica a equoterapia há nove anos no Centro Equoterapia Coração Valente, em Santo André. O jovem possui paralisia cerebral, a qual afeta a parte motora, impedindo que ele ande ou fale.

“Antes da equo ele fazia os outros tipos de tratamentos recomendados para pacientes com PC (Paralisia Cerebral), mas não geravam tanto resultado quanto ela. Ele sempre foi bem molinho, não conseguia dar passinhos e muito menos sentar sozinho. Com a equo, ele consegue com a gente segurando, sentar sozinho, tem mais controle do pescoço, é uma melhoria imediata”, conta a irmã Tatiane Honorato, 20 anos.

Carvalho demonstra muita afeição pelos animais com os quais é cuidado, facilitando assim o tratamento. “Ele ama de paixão os cavalos, a alegria que fica quando está em cima deles não dá para descrever. Faz carinho, deita em cima, ele adora! A equo trouxe esperança para a nossa família em ver meu irmão melhor e até quem sabe um dia andando sozinho”, finaliza a irmã.

A sessão de 50 minutos no Centro de Equoterapia Coração Valente é dividida em dois momentos, acontecendo a montaria e também atividades de estimulação complementar no ambiente equestre.
“Na equoterapia, como recursos físicos para reabilitação, utilizamos principalmente o passo do cavalo, o qual estimula as reações de equilíbrio e retificação do corpo, promovendo fortalecimento muscular global, ajustes tônicos, melhora da propriocepção e imagem corporal. Estimula todas as fases do desenvolvimento motor normal. No aspecto psicológico, de modo geral, trabalha-se a autoestima, autoconfiança, autonomia, segurança, enfim, todos os aspetos cognitivos, emocionais e sociais”, explica a fundadora e coordenadora geral da Equoterapia Coração Valente, Ana Luisa de Lara Uzun.

Já no Centro de Equoterapia Américo Gomes da Costa, da Apae (Associação de Pais e Amigos do Excepcionais) de São Caetano, a psicóloga Mariana Fernandes Pereira explica que o tratamento é feito em quatro programas.

O primeiro deles é a hipoterapia, que é essencialmente direcionado à área da saúde para pessoas com deficiência física e/ou mental, “Em geral aquelas que apresentam deficiências motoras, sensoriais, mentais, inadaptações sociais diversas, nas quais não conseguem se manter sozinhas sobre o cavalo, necessitando do auxílio terapêutico e da equipe que acompanha”, detalha Mariana.

O trabalho de educação e reeducação é destinado aos pacientes que possuem autonomia sobre na condução do cavalo, “Neste caso ele depende em menor grau do auxiliar-guia e do guia-lateral” ressalva a psicóloga.

A modalidade pré-esportivo é quando o praticante possui boas condições para atuação e condução do cavalo, “Dependendo do caso, pode até participar de pequenos exercícios específicos de equitação” conclui a especialista.
Além desses três tipos de terapia existe a própria técnica e exercício de equitação.
 

Indicação

A equoterapia é indicada para indivíduos com paralisia cerebral, acidente vascular encefálico, ADNPM (Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor), Síndrome de Down, Síndrome de Rett, deformidades na coluna espinal, dificuldade de aprendizagem, disfunção na integração sensorial, transtorno crânio-encefálico, deficiência visual e auditiva. Deficit de atenção e concentração, autismo, distúrbios de comportamento e transtornos em geral.

“É contra indicada em casos de crianças com Síndrome de Down com instabilidade atlantoaxial; pessoas com artrose coxo-femural; fraturas patológicas; coluna instável, incluindo instabilidade da estrutura interna; espinha bífida com sintomas pertinente; hemipelvectomia; hemofilia com histórico recente de episódios de hemorragia; ferimentos abertos sobre uma superfície de sustentação; condições médicas em exacerbação aguda, cateter uretral alojado (mulheres), entre outros”, exemplifica a fisioterapeuta Arlete Biaobock do Centro de Equoterapia Américo Gomes da Costa, da Apae de São Caetano. 




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