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Trabalhadores da Ford decidem entrar em greve

Empregados cruzam os braços para tentar reverter os cerca de 200 cortes anunciados pela montadora

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
10/09/2015 | 07:26
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Os trabalhadores da Ford de São Bernardo entraram em greve ontem, por tempo indeterminado. Em assembleia realizada pela manhã, os empregados decidiram cruzar os braços, como resposta à decisão da montadora de demitir cerca de 200 pessoas na unidade fabril. O anúncio das rescisões, feito na quarta-feira, ocorreu poucos dias depois de terminado o prazo para adesão ao PDV (Programa de Demissões Voluntárias) – que durou dois meses e foi encerrado na sexta-feira. O número exato das demissões não foi divulgado pela empresa.

O que se sabe é que os cortes atingiram tanto funcionários em atividade na fábrica (cerca de 80) quanto pelo menos parte dos que estão em lay-off (são ao todo 160 suspensos temporariamente) e afastados por banco de horas (59). Os empregados estão sendo informados de que estarão demitidos a partir de 21 de setembro, segundo o coordenador do comitê sindical na empresa, José Quixabeira de Anchieta, o Paraíba.

A empresa, que conta com 4.300 empregados nessa unidade fabril, não divulgou a quantidade dos que saíram pelo programa de demissão voluntária – que oferecia pacote de 83% de salário a mais por ano trabalhado. Porém, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, 130 aderiram, número que teria ficado abaixo do esperado pela fabricante. “Como o PDV não resolveu, decidiram tentar uma via rápida, e nem avisaram o sindicato”, afirmou o presidente da entidade dos trabalhadores, Rafael Marques.

A decisão da montadora surpreendeu o sindicato, porque aparentemente a situação estava menos pior do que em outras fabricantes. “Eles disseram que nem estavam considerando o PPE (Programa de Proteção ao Emprego), e eu agora entendi que era porque não precisavam”, assinalou.

Enquanto isso, a Mercedes-Benz já acertou com o sindicato participar desse instrumento legal, com a redução da jornada de trabalho e do salário em 20% (metade da diminuição do vencimento será bancado pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador) por nove meses, e a Volkswagen está negociando para também aderir ao PPE.

DISPOSIÇÃO - Durante a assembleia, Paraíba relembrou que, em 1990, os trabalhadores da Ford no bairro Taboão fizeram 50 dias de greve contra o desligamento de 100 pessoas. Segundo ele, o número de rescisões não importa. O que existe é a disposição de reverter esses cortes, que podem crescer, já que a montadora informou que terá de reduzir mais a velocidade da linha da produção em janeiro. “Vamos ficar parados até que ela revogue as demissões e volte a negociar”, avisou.

Marques afirmou, à tarde, que não havia sido procurado pela montadora, mas espera que isso ocorra nos próximos dias. Ele adiantou que o PPE é uma opção que o sindicato vai apresentar, como forma de preservar os postos de trabalho. Por enquanto a fábrica seguirá parada. Cada dia a menos de atividade significa que 384 veículos deixam de sair das linhas de montagem (280 automóveis e 104 caminhões) da empresa na região.

Procurada pela equipe do Diário, a Ford informou que a fábrica parou ontem e reiterou que tem utilizado todas as ferramentas possíveis para adequar a produção à desaceleração da demanda automotiva, e que, “como parte desse esforço, a montadora está reduzindo sua força de trabalho”.
 




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