Da pior maneira possível os moradores do Grande ABC descobriram ontem que as cidades da região não se prepararam como deveriam para enfrentar a temporada de chuvas que se aproxima. O aguaceiro que perdurou durante todo o dia, especialmente na parte da tarde, serviu para demonstrar que, a despeito da estiagem histórica enfrentada pelo Estado de São Paulo nos últimos 12 meses, os municípios seguem vulneráveis às intempéries. Que fim levou o Plano de Microdrenagem proposto pelo Consórcio como solução aos problemas?

Praticamente todas as cidades sentiram algum efeito negativo da tempestade, que derrubou árvores, fez transbordar rios, cobriu automóveis, congestionou trânsito e provocou deslizamento de encostas. Só por sorte ninguém ficou ferido. É de se perguntar por que, ano após ano, chuva forte após chuva forte, os habitantes da região são obrigados a enfrentar tamanho transtorno.

Chama a atenção o fato de os chefes de Executivo terem desperdiçado o longo período de seca – a última chuva forte no Grande ABC havia sido registrada em março – sem fazer nenhuma intervenção que pudesse minimizar os efeitos da chuva. Agora, com o verão batendo à porta, trazendo consigo previsão de aumento de atividade pluviométrica, realizar qualquer obra que não seja paliativa é muito mais difícil.

No que diz respeito às enchentes, os sete prefeitos sabem muito bem onde se localiza o calcanhar de Aquiles do Grande ABC. A equação é, inclusive, bastante simples. Há entraves demais impedindo que a água flua naturalmente, mas nada foi feito para garantir o escoamento. O resultado é o que se vê. Prejuízos de toda monta que recairão sobre o culpado de sempre: o pobre do contribuinte. E o pior é que não dá nem para torcer contra a chuva, pois a população precisa que ela venha em abundância para encher os reservatórios paulistas e, assim, chutar para bem longe qualquer possibilidade de rodízio no abastecimento.