Alaíde faz celebração dupla: dos seus 50 anos de carreira - o que tem ocupado sua agenda - e o relançamento, pela Movieplay, do disco Amiga de Verdade, originalmente gravado em 1988. Esse álbum contou com a participação de 20 grandes nomes da música brasileira, tais como Milton Nascimento, Paulinho da Viola, Ivan Lins, MPB4 e Egberto Gismonti.

Algumas das músicas desse disco ganharão voz esta noite. É o caso de Morrer de Amor e Absinto, por exemplo. No mais, Alaíde interpretará canções pinçadas de seu extenso repertório e do próximo disco - Tudo o que o Tempo me Deixou - no qual registrará a comemoração pelas cinco décadas de estrada. Estão confirmadas, para esta sexta, Insensatez, Retrato em Branco e Preto e a mais nova criação de Alaíde, Saída.

Apesar de constar como representante da bossa nova, Alaíde prefere não ser apontada só como artista desse segmento. "Já gravei até no disco Milagre dos Peixes, de Milton Nascimento", reivindicou a cantora em recente entrevista ao Diário.

A carioca radicada em São Paulo acompanhou de perto o surgimento da bossa nova, freqüentando os apartamentos da zona sul carioca onde reuniam-se jovens como Ronaldo Bôscoli, Roberto Menescal e Oscar Castro Neves. O convite partiu de João Gilberto, que curiosamente não compareceu à primeira reunião para a qual convidou a moça.

Mas os laços com essa turma foram estreitados. E renderam bons frutos, como a música Onde Está Você?, grande hit da carreira de Alaíde criado por Castro Neves. A primeira vez que a interpretou foi no show O Fino da Bossa (anterior ao programa de TV homônimo), no Teatro Paramount. Alaíde foi aplaudida em pé, no meio da música, e obrigada pelo público a fazer dois bis. No dia seguinte, a gravação ao vivo já circulava nas rádios, fazendo grande sucesso.

Dona de um timbre vocal suave e doce, Alaíde nunca fez concessões para alcançar o sucesso fácil. E resistiu toda vez que lhe pediram para mudar o estilo, soltando mais a voz. Diz ela que pagou um preço alto por não se deixar levar. "Até hoje batalho pela minha sobrevivência. Não ganhei dinheiro, não fiquei rica. Se eu me daria melhor de outro jeito? Não sei, mas faço o que gosto e, se pudesse voltar ao passado, não mudaria nada", disse.

O público, porém, continua dando manifestações de apreço ao trabalho da cantora. Tanto que em agosto último Alaíde Costa encarou um Teatro São Pedro, em São Paulo, lotado. Era o primeiro show baseado em Tudo o que o Tempo me Deixou. "Modéstia à parte, foi uma noite ma-ra-vi-lho-sa".

Em março, Alaíde apresentou-se no Sesc Santo André ao lado da cantora Célia e, em outubro, foi a vez de prestar uma homenagem a Vinicius de Moraes em um show no Sesc São Caetano. Atualmente, ela excursiona com o projeto Pixinguinha promovido pela Funarte.

Sextas musicais - Show com Alaíde Costa. Nesta sexta, às 20h. Na Câmara de Cultura Antonino Assumpção - r. Marechal Deodoro, 1.325, São Bernardo. Tel.: 4125-0054. Entrada franca.