Dois dias após a demissão do marido, Mário Maurici de Moraes, do cargo de secretário de Governo de Santo André, a vice-prefeita e pré-candidata petista, Ivete Garcia, resolveu quebrar o silêncio: “Encaro essa demissão como retaliação à minha pré-candidatura. E disse isso pessoalmente ao prefeito, em uma conversa reservada e civilizada”, afirmou, enfática.

Ivete ressaltou que, embora reconheça a prerrogativa do prefeito em demitir quando bem entender, “o momento foi inoportuno”. Segundo ela, João Avamileno poderia esperar “ao menos, até o final das prévias para tomar essa atitude”.

Em férias, Ivete garantiu quarta-feira que a relação com o chefe do Executivo não ficou abalada após os últimos acontecimentos – entre os quais, a declaração de apoio do prefeito à pré-candidatura do deputado estadual Vanderlei Siraque.

“Continuarei leal ao prefeito João Avamileno. Temos um plano de governo a cumprir e tenho compromisso com a população.”

DIÁRIO – Como a sra. recebeu a notícia de que o prefeito João Avamileno havia demitido o seu marido, o secretário de Governo, Mário Maurici de Moraes?
IVETE GARCIA – É uma decisão que o prefeito tem o direito de tomar. Somente ele pode demitir e contratar. Mas penso que o momento foi inoportuno. Ele poderia, ao menos, esperar o final das prévias para tomar essa atitude.

DIÁRIO – A sra. acredita que o Maurici tenha sofrido algum tipo de perseguição política ou retaliação?
IVETE – Sim. Eu encaro essa demissão como retaliação à minha pré-candidatura. E disse isso pessoalmente ao prefeito, em uma conversa reservada e civilizada. Mas não tenho tempo nem para ficar magoada, estou trabalhando muito.

DÍARIO – E como fica a relação com o prefeito? Há algum tipo de prejuízo para a administração, já que além de vice-prefeita a sra. é também secretária de Orçamento e Planejamento Participativo?
IVETE – Nossa relação não muda em nada. Continua normal. Estou de férias e, quando retornar, em 15 dias, continuarei leal ao prefeito João Avamileno. Temos um plano de governo a cumprir. Em momento algum pensei em deixar a Prefeitura. Tenho compromisso com a população.

DIÁRIO – Desde que João Avamileno assumiu a Prefeitura, após a morte de Celso Daniel, Maurici passou a ser considerado o homem-forte da administração. O que essa perda representa exatamente para o governo?
IVETE – Significa uma grande perda para o governo. Ele estava na administração havia sete anos e conhecia a máquina. Além disso, deu uma grande contribuição ao projeto implementado pelo PT na cidade. Mas ninguém é insubstituível e o prefeito avaliou que a saída dele seria melhor neste momento.

DIÁRIO – A principal explicação de Avamileno para justificar a saída de Maurici é que o empenho dele na pré-candidatura da sra. estava atrapalhando o andamento do governo. O prefeito diz que foi uma decisão para “evitar prejuízos” à municipalidade. Qual a avaliação da sra.?
IVETE – Uma coisa não interferia na outra. Bastava ver quantas horas o Maurici ficava trabalhando diariamente.

DIÁRIO – O prefeito foi precipitado ao declarar apoio à pré-candidatura do deputado Vanderlei Siraque, principal adversário da sra. nas prévias ? Essa decisão, de alguma forma, a magoou, já que foi o próprio Avamileno quem defendeu inicialmente a sua candidatura?
IVETE – O apoio ao Vanderlei não me deixou magoada. É uma escolha. O prefeito, como militante, tem esse direito. Tenho maturidade o suficiente para entender essa questão. Mas fiquei surpresa em tomar conhecimento da decisão dele pelo jornal.

DIÁRIO – Como está a campanha atualmente? A saída de Maurici da Prefeitura prejudica essa caminhada de alguma forma?
IVETE – Continuo agregando militantes à pré-candidatura. Venho fazendo um forte trabalho com os setoriais do PT. As pessoas que já declararam apoio estão reafirmando esse compromisso. Continuo confiante neste trabalho que vem sendo realizado. A saída de Maurici não atrapalhará em nada a campanha. Pelo contrário. Não é toda hora que ganhamos uma pessoa com a experiência dele para ficar em tempo integral se dedicando à campanha.