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Madeireiros sao acusados de devastaçao no sul do Pará
Do Diário do Grande ABC
28/10/1999 | 16:44
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Uma floresta com 4.500 hectares de mogno teria sido devastada por empresas madeireiras dentro da reserva dos índios Arara, que vivem na regiao cortada pela rodovia Transamazônica, no oeste do Pará. Foram 3 mil hectares no município de Porto de Moz, além de outros 1,5 mil, em Anapu. A denúncia foi feita nesta quinta-feira ao ministro do Meio Ambiente e da Amazônia Legal, José Sarney Filho, por dirigentes da Comissao Pastoral da Terra (CPT) e Federaçao dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri).

O diretor da Fetagri, Airton Faleiro, foi taxativo diante do ministro: "O grande problema no Pará é que se apreende a madeira, mas ninguém prende os madeireiros". Ele acrescentou que até projeto financiado pela Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) está sendo utilizado para devastar a regiao e retirar madeira.

O ministro reconheceu a dificuldade que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tem para entrar nas reservas indígenas e fiscalizar o roubo de madeira. Mas prometeu aos denunciantes que até o final deste ano criará três novos escritórios do Ibama no Pará com poderes de uma superintendência.

A presidente do Ibama, Marília Mareco, anunciou que o órgao, com o apoio da Polícia Federal e do Exército, deverá fazer uma operaçao surpresa nos próximos dias para flagrar a extraçao de madeira nas reservas indígenas. "Quem nao tiver projeto de manejo, mesmo que esteja retirando madeira fora das reservas, será processado com base na lei de crimes ambientais".

Em Belém, o Ministério Público Federal, por intermédio da Procuradoria da República no Pará, pediu à Justiça Federal a prisao preventiva do madeireiro Constante Trzeciak, acusado de invadir e retirar ilegalmente mogno da reserva Laranjal, dos índios Arara, no km 75 da rodovia Transamazônica, no município de Medicilândia.

Segundo o procurador Felício Pontes Júnior, dezenas de colonos, incitados por Trzeciak, também começaram a demarcar lotes dentro da reserva, além de abrir estradas. Um relatório da Fundaçao Nacional do Indio (Funai), enviado ao procurador, afirma que os índios estao revoltados com a invasao de suas terras.

Um grupo de Araras saiu quarta-feira (27) armado de flechas e espingardas da aldeia para queimar barracos e roças no km 90, ameaçando entrar em guerra contra madeireiros e colonos que se negam a sair da área. A reserva foi demarcada pela Funai em 24 de dezembro de 1991 e homologada pelo presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.

O madeireiro Trzeciak, segundo o procurador Felício Júnior, é "contumaz na prática desses crimes". Ele também já foi flagrado em outras oportunidades retirando madeira da área e responde a processo na Justiça Federal por incitamento à invasao.

A prisao do madeireiro se faz necessária, afirma Felício Júnior, para que seja "garantida a ordem pública e a conveniência da instruçao criminal". Trzeciak nao foi localizado nesta quinta-feira em Medicilândia para se defender das acusaçoes.




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