Cultura & Lazer Titulo
Público de filmes nacionais cresce 55%
Cláudio Luis de Souza
Da Redaçao
02/01/1999 | 17:52
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O total de público que assistiu a filmes brasileiros em 1998 cresceu 55% em relaçao a 1997. Em números absolutos, 3,286 milhoes de ingressos foram vendidos para as sessoes dos dez filmes nacionais de maior bilheteria - em 1997, foram 2,112 milhoes. O aumento registrado é de 1,174 milhao de espectadores.

Os filmes nacionais mais vistos em 1998 foram O noviço rebelde, estrelado por Renato Aragao (1,5 milhao de espectadores) e Central do Brasil, de Walter Salles Jr. (1,2 milhao).

Em 1997, quem atraiu mais público foi o épico Guerra de Canudos. Com 655 mil espectadores, teve praticamente a metade do público do segundo colocado de 1998.

É necessário observar, porém, que tanto O noviço rebelde quanto Central do Brasil parecem ser casos muito específicos. Seriam, de certa forma, blockbusters à brasileira, aparentemente extemporâneos.

Suas bilheterias de mais de 1 milhao de pessoas nao escondem o fraco desempenho de todos os outros oito maiores filmes de 1998: do terceiro lugar ao 10º, as fitas de 1998 foram menos vistas do que as de 1997.

Como exemplo, basta notar que o 10º colocado de dois anos atrás, O baile perfumado, levou 60 mil pessoas às salas de exibiçao, enquanto o filme que ficou na mesma colocaçao no ano passado, Amores, conseguiu quatro vezes menos espectadores (15 mil).

Os números de público dos filmes estrangeiros no Brasil corroboram uma análise menos entusiasmada desse crescimento de 55% nas bilheterias nacionais. Premiado com 11 Oscar, Titanic foi o filme mais visto no país em 1998. Nada menos do que 16 milhoes de brasileiros foram ao cinema para conferir Leonardo DiCaprio e Kate Winslet no filme mais grandiloqüente da história da telona.

A condiçao sui generis de Titanic é óbvia: o segundo colocado, Godzilla, foi visto por 2 milhoes de pessoas - oito vezes menos do que o filme de James Cameron. Na verdade, Titanic levou mais gente aos cinemas do que todos os outros nove filmes estrangeiros mais vistos no Brasil em 1998. Também parece claro que muita gente que nao tem hábitos cinematográficos acabou cedendo aos encantos da megaproduçao.

É interessante fazer um outro exercício de interpretaçao dos dados da pesquisa: se for desprezada a origem da produçao, O noviço rebelde fica num espetacular 7º lugar de bilheteria, enquanto Central do Brasil empata tecnicamente com O homem da máscara de ferro (estrelado por DiCaprio, diga-se) no 9º lugar. Caso nao se queira desprezar os 2 mil pagantes que, na verdade, colocam a produçao norte-americana ligeiramente à frente de Central do Brasil, a fita de Salles Jr. ficaria em 10º lugar. Nada mau.

Uma outra curiosidade: de acordo com esses números, Titanic foi visto por um em cada dez brasileiros. O noviço rebelde levou mais ou menos um em cada 100 brasileiros ao cinema.

Vale lembrar, qualquer comparaçao que coloque, num mesmo âmbito, produçoes norte-americanas de primeiro escalao e produçoes brasileiras, deve considerar a abissal diferença entre os orçamentos nacionais e dos EUA. Titanic custou mais de US$ 200 milhoes; Central do Brasil, um filme caro para os padroes nacionais, saiu por US$ 2,9 milhoes. Outro aspecto é o número de salas que poem cada filme em exibiçao: enquanto Titanic estava em cartaz em virtualmente todos os endereços de cinema da regiao e de Sao Paulo, Central do Brasil fez sua estréia nacional em um punhado de salas, e logo estava em cartaz somente no Espaço Unibanco, em Sao Paulo.

Os dados da pesquisa de público nas salas de exibiçao do Brasil foram compilados pela Filme B Comunicaçoes, agência de marketing carioca especializada em cinema.




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