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Crise derruba em até 70% salário de corretor de imóveis

Queda no rendimento é reflexo de retração nas vendas de 24% nos últimos dois anos

Marina Teodoro
Especial para o Diário
27/08/2015 | 07:16
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Claudinei Plaza/DGABC


Hoje, 27 de agosto, foi instituído o Dia Nacional dos Corretores de Imóveis, mas devido à crise econômica, que afeta diretamente o setor imobiliário, o profissional não vê muitos motivos para celebrar. Embora muitos permaneçam empregados, o rendimento caiu até 70%, já que o salário oscila conforme o valor do imóvel vendido.

Há cinco anos na profissão, Samuel Coelho Machado, 24 anos, de Santo André, viu sua renda encolher a um terço do que recebia nos últimos dois anos. “Escolhi a profissão pela flexibilidade de horários e por poder fazer meu próprio salário. Mas, hoje, ele diminuiu cerca de 70%. Há dois anos, faturava uma média de R$ 6.000 por mês. Hoje chega a R$ 2.000”, lamenta ele.

Ao atuar como autônomo, o corretor imobiliário geralmente não tem salário fixo, já que depende de comissão que varia de acordo com as vendas.

Para o proprietário da imobiliária andreense Colicchio Imóveis, Miguel Colicchio Neto, conhecido como Guta, o cenário econômico do País afeta o segmento diretamente, por se tratar de um ramo de investimentos. “Não estamos vendendo na mesma proporção de antes dos problemas na economia. Houve uma queda de cerca de 20%”, afirma.

De acordo com dados da pesquisa imobiliária da Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC), se comparado o primeiro semestre de 2013, quando o setor financeiro passou a apresentar dificuldades, com o mesmo período deste ano, a retração no comércio de imóveis é de 24,7%. Quando comparado com os primeiros seis meses de 2014, neste ano a queda foi de 9,6%. Os lançamentos também diminuíram 5,37% de janeiro a junho.

Essa diminuição impactou diretamente a vida do ex-corretor Miguel Alvino Ciqueira, 38, de Santo André. Nos últimos meses, ele estava desesperado para conseguir uma venda. “Sou bom vendedor. Em qualquer situação eu tentava vender um apartamento para o cidadão, mas não estava dando certo”, recorda ele, que até arriscou negociar um apartamento com o proprietário de um carro que estava sendo vendido e ele tinha interesse.

Vendo o salário cair cada vez mais, e as contas em casa ficarem mais apertadas ele, que é formado em Administração e já atuou anteriormente em vendas, preferiu voltar para o antigo cargo.

“Hoje sou gerente de vendas em uma loja de decoração. Meu salário, que era de R$ 3.000 nos últimos meses, hoje está em R$ 5.000, mas ainda não chega ao que eu ganhava no inicio da carreira.”

Para o mauaense Rodrigo Martis, 50, sendo 15 deles dedicados a vender casas e apartamentos, a profissão que escolheu sempre teve seus altos e baixos. “Eu já me acostumei. O setor imobiliário tem dessas, e é preciso se organizar para não ser pego de surpresa. Meu salário diminuiu, quase pela metade, mas acredito que essa fase passará em breve, afinal, todo mundo precisa de moradia.”

Imobiliárias apontam oportunidade

Atualmente, existem 6.961 corretores e 546 imobiliárias no Grande ABC, de acordo com levantamento realizado pelo Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis no Estado de São Paulo) a pedido do Diário.

Só neste primeiro semestre, 524 novas inscrições foram feitas na região, o que demonstra interesse na profissão mesmo em meio aos problemas econômicos, na avaliação do delegado regional do Creci-SP no Grande ABC, Alvarino Lemes. “O ramo é atrativo, principalmente para quem ficou desempregado, já que a formação não requer muito tempo”, afirma.

Para atuar na área, é preciso o registro no Creci, o que pode ser adquirido a partir do curso técnico ou de graduação. “O técnico depende do desempenho do profissional. Pode durar de seis meses a um ano. Já a graduação leva dois anos”, explica o tutor do curso de Negócios Imobiliários da Universidade Anhembi Morumbi, Wilson Cunha.

Para o dono da imobiliária Colicchio Imóveis, Miguel Colicchio Neto, o Guta, a crise também pode ser momento de encontrar ótimos negócios. “Para quem procura e tem o dinheiro, é possível encontrar casas que custavam R$ 1 milhão por R$ 700 mil.”
 




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