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Emissão de cheque sem fundo é a menor desde 2005
Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
19/04/2011 | 07:28
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O balanço de cheques devolvidos no ano tem saldo positivo no trimestre, segundo dados da Serasa Experian divulgados ontem. De janeiro a março, o índice de inadimplência era de 1,89% contra o mesmo período do ano anterior. O que corresponde a 4,8 milhões de cheques devolvidos ante o montante de 281 milhões compensados no período.

É o menor percentual em cinco anos, quando atingiu 1,74% em janeiro de 2005. Porém, a entidade alertou sobre aumento na taxa da inadimplência em março: 2,13%. Em fevereiro, o valor era de 1,83% e janeiro 1,70%.

O assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de Almeida, afirmou que a elevação de calotes é normal para o mês, devido a gastos sazonais: material escolar, impostos e dívidas de Natal, férias e Carnaval.

Almeida sustentou que a situação econômica atual refletiu na incapacidade de o devedor quitar os débitos que contraiu no prazo. "Temos uma política de combate à inflação, com elevação de juros, restrição ao crédito, o que não tínhamos no mesmo mês de março de 2010, dificultando mais aquele cidadão que está com a dívida rolando." Aumento na inflação neste ano também atrapalhou por diminuir o poder de compra.

A consequente desaceleração da economia irá causar problemas para o consumidor que recorreu ao financiamento, segundo o economista. Isso porque a Selic - um dos instrumentos usados pelo governo para conter a subida de preços - (taxa básica de juros) está alta: 11,75% ao ano. E deve subir mais ainda neste ano.

"Teve a elevação do IOF no crédito, fazendo com que vários estabelecimentos no comércio ressuscitassem o cheque pré-datado", acrescentou o economista, sobre aumento de 1,5% para 3% do tributo para os consumidores, como forma de afastá-los das compras.

Os papéis foram alternativa do consumidor para fugir da alíquota. Usar cheques à vista também eleva risco de calote. Almeida aconselhou usar papéis no prazo e, também, que o comerciante exija mais documentos que não apenas o RG.

Na região não é diferente. O superintendente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Luiz Antônio Sampaio da Cruz, declarou que os números de cheques devolvidos no País são próximos à dimensão do Grande ABC. "Há homogeneidade entre as cidades da região metropolitana de São Paulo."

Já sobre tendências, que o economista da Serasa projetou, subir pouco acima do volume de março, ele também foi enfático. "Será diferente dos dois primeiros meses deste ano, que tiveram reflexos do bom momento do ano passado." Ele destacou que caso o governo não adote postura de restringir ainda mais o crédito, "as pessoas irão quebrar", por se endividarem sem terem dinheiro para pagar as contas.

CONTRAPONTO - Balanço da ChequeOk, segundo o executivo Antônio Afonso, aponta queda de 7% em março ante fevereiro e 3,5% no trimestre, dentro da base de crédito da empresa.




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