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Volpi deve suceder Auricchio no Consórcio Intermunicipal do ABC
Marcelo Monegato
Do Diário do Grande ABC
03/01/2010 | 08:18
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O prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PV), deve ser o novo presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. Em entrevista exclusiva ao Diário, o governante revelou pretensão de assumir o comando da entidade, desde que haja consenso entre os prefeitos. "Coloco meu nome à disposição deles. Acho que o presidente do Consórcio precisa sair do entendimento da maioria", revelou, deixando claro que já foi consultado por alguns nomes importantes do cenário político, entre eles o atual presidente do Consórcio, o prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior. (PTB) e Adler Kiko Teixeira (PSDB), prefeito de Rio Grande da Serra.

Volpi também fez balanço de seu governo em 2009. Revelou as dificuldades financeiras, que impossibilitaram investimento em novas obras de infraestrutura. "O lado bom é que não tive de paralisar obra alguma que eu estava tocando", afirmou o chefe do Executivo de Ribeirão Pires. Para 2010, ele promete realizar obras pré-planejadas - construir três escolas, mais a que ficou faltando em 2009; erguer ginásio poliesportivo para 1.500 espectadores; fazer da antiga rodoviária um minishopping e construir muros de arrimo para conter deslizamentos de encostas. "Estou com medo das chuvas de março."

Sobre as eleições deste ano, Volpi mostrou-se contrário à cúpula do PV em relação à sucessão estadual. Para ele, o partido deve se fortalecer no Legislativo, emplacando pelo menos sete deputados federais e 12 estaduais, tornando-se a terceira maior bancada de São Paulo. "O PV deveria rever esta postura de lançar candidato apenas por lançar", cutucou o governante de Ribeirão. Sobre Marina Silva, pré-candidata à Presidência da República, Volpi rasgou elogios à ex-ministra do Meio Ambiente, mas voltou a defender a união por um partido forte.

DIÁRIO - Como foi 2009 para Ribeirão Pires?

CLOVIS VOLPI - Foi um ano difícil. Nós não pudemos iniciar obras que havíamos planejado. O lado bom é que eu não tive de paralisar nenhuma das que estavam em andamento. Não paralisamos, por exemplo, reformas em hospitais ou pavimentação de ruas. Algumas, não concluímos, mas também não deixamos paradas.

DIÁRIO - Quais foram as ações de destaque de seu governo em 2009?

VOLPI - O que conseguimos fazer, que não dava para esperar mais, foi cumprir nossos compromissos com o Sindicato dos Funcionários Públicos. Inserir aumento na folha salarial, por exemplo. Mas depositamos o 13º em dia. Todos os pagamentos rigorosamente em dia. Paguei da mesma forma os precatórios dentro do prazo.

DIÁRIO - Como foi 2009 financeiramente para Ribeirão Pires?

VOLPI - Não foi bom. Em função da crise mundial, tivemos perda da receita orçamentária na ordem de 6% do previsto, o que equivale para nós algo em torno de R$ 8 milhões. Tive de fazer ‘ginástica' e apostar na eventualidade de crescer outros impostos, diferentes do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), principal responsável pela queda de recursos.

DIÁRIO - De onde veio parte do dinheiro para tocar as obras já em andamento?

VOLPI - Do ISS (Imposto sobre Serviços) das empresas que realizam obras do Estado na cidade. Tivemos investimento muito grande do Estado em Ribeirão Pires e uma arrecadação de R$ 3 milhões.

DIÁRIO - O que o sr. espera para este ano?

VOLPI - Espero poder compensar nos próximos três anos o que chamo de ano perdido. Ous seja, em termos de investimento em infraestrutura, vamos fazer em três anos o que não foi possível em quatro.

DIÁRIO - O que ficou para ser feito?

VOLPI - Eu tinha previsto construir, a cada ano, três escolas - somente em 2012 erguer quatro. Consegui apenas duas em 2009. Então, agora, entre janeiro e fevereiro, começo uma no bairro de Santa Luzia, que estava prevista para ano passado. Também estava previsto melhorar a área esportiva da cidade, mas não pude fazer. Minha previsão era começar as obras do posto de saúde no Centro Alto. Comprei o terreno em 2008, me preparei para 2009, mas não deu para começar a obra. Tinha planejado asfaltar, no bairro de Ouro Fino, cerca de 15 ruas. Também não pude.

DIÁRIO - E os planos para este ano?

VOLPI - Vou pegar todos os investimentos não realizados em 2009 e repatriá-los para 2010. Então este ano agora vou construir as três escolas programadas, mais a que não construi em 2009. Eu não vou conseguir abrir 30 ruas - as 15 previstas para 2010 mais as 15 que não foram feitas em 2009. Então, farei 20 ruas em 2010.

DIÁRIO - Quais os projetos para este ano?

VOLPI - Ribeirão Pires é uma cidade cheia de morros e que tenho de fazer obras de macro e microdrenagem. Vou construir um ginásio de esportes com capacidade para 1.500 espectadores. Vamos transformar também a rodoviária velha em centro comercial. Vou ter de fazer este ano muitos muros de arrimo por conta das chuvas que judiaram da cidade. É uma obra cara e vamos começar já em janeiro, pois tenho medo das chuvas de março. O que vamos fazer também, e não são apenas com recursos financeiros da Prefeitura, é toda a iluminação central da Avenida Humberto de Campos. Vamos fazer um embelezamento da cidade, colocando postes na região central e na divisa de Mauá com Ribeirão, pelo Parque Aliança - rua Princesa Isabel.

DIÁRIO - Existe uma previsão de investimentos?

VOLPI - Pretendo investir algo em torno de R$ 10 milhões em verbas do tesouro. Brinco que Ribeirão Pires arrecada em um ano o que São Bernardo arrecada em 15 dias. Então você imagina como é tocar uma cidade de 120 mil habitantes com 1/24 do orçamento de São Bernardo. É uma cidade que você tem de ficar o dia inteiro fazendo contas. Governar com recursos pequenos. Não se pode errar.

DIÁRIO - Como o sr. analisa a eleição para o Consórcio Intermunicipal?

VOLPI - Vai ser o primeiro ano da transformação do Consórcio Municipal de instituição privada para pública, atendendo às leis federais que regem os novos consórcios públicos. Esse momento de transição é muito importante, pois você consolida a parte administrativa e viabiliza o início de projetos regionais. É muito importante que o presidente do Consórcio, embora seja por apenas um ano, assuma este conceito.

DIÁRIO - O sr. se coloca à disposição para o cargo?

VOLPI - Já estou no sétimo ano de mandato como administrador público e na verdade nunca havia pretendido disputar este tipo de eleição. Mas coloco meu nome à disposição dos prefeitos. Acho que o presidente do consórcio tem de ser escolhido por meio do entendimento da maioria. Tenho sido consultado pelos prefeitos. Auricchio e Kiko me consultaram sobre essa pretensão. Tenho dito que isso caminhará de acordo com o conceito dos prefeitos. Se isto ocorrer, me sentiria à vontade. Seria um orgulho. Não se pode negar que, estando na vida pública, você não tenha orgulho de presidir um consórcio de sete cidades no qual se tem Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema. É uma potência. Talvez a mais importante do Estado.

DIÁRIO - Como o sr. vê o Consórcio neste momento?

VOLPI - É o momento da instalação e montagem. Acho que não haverá muito tempo para implementar projetos. É como construir uma casa. Para fazer a parte de cima, antes é necessário acertar a base. Acredito que a transformação do Consórcio de privado para público se fará com a consolidação e implementação de sua base. Vamos ter nova estrutura administrativa, novo conceito de trabalho e, consequentemente, nova importância regional em momento de eleições. Enfim, esse mandato é de extrema importância e não pode ser, segundo meu ponto de vista, encarado apenas sob a ótica da importância política, mas também conceitual. Deve ser apartidário.

DIÁRIO - Qual o papel do PV nas próximas eleições?

VOLPI - Acho que o pessoal do PV, quando ler minha opinião, vai ficar bravo comigo, mas tenho conceito sobre o papel do partido no Estado. Acredito que a legenda deva se preocupar mais em fazer bancada para o Legislativo estadual e federal. Toda vez que um partido médio - o PV tem a quarta bancada do Estado - entende que lançar candidatura própria ao governo do Estado é a melhor alternativa, sempre coloco que essa iniciativa deve chegar, no mínimo, a 4% ou 5% do eleitorado. Se você tem candidaturas totalizando 1% , transforma a possibilidade de crescimento do Legislativo em água.

DIÁRIO - O PV deve ter candidato próprio ao governo?

VOLPI - Se o PV tiver candidato para 1 milhão ou 1,5 milhão de votos a governador, acho válido. Mas se não encontrar candidato que atinja esse volume de votos, sou favorável à composição para crescer no Legislativo, seja bancada estadual ou federal. Talvez eu seja voz discordante dentro do PV. Mas sou contra ter candidato apenas para manter posição. Às vezes você se ridiculariza com isso.

DIÁRIO - O sr. teria um nome?

VOLPI - Dentro do PV se discute o nome do ex-deputado Fábio Feldman. Eu acho que ele atinge esse patamar de 4% ou 5% dos votos. É um nome que você até se expõe para ajudar. Já foi Secretário de Estado e deputado federal. É uma pessoa reconhecida pelas questões ambientais no mundo inteiro. É do ramo. Esse talvez seja o nome que o PV deva ter. Mas se o Fábio Feldman preferir manter-se na atividade de assessoria e consultoria - ele presta trabalhos ambientais em nível internacional - acho que o PV deveria rever esta postura de lançar candidato apenas por lançar.

DIÁRIO - Como o sr. analisa o lançamento de Marina Silva para disputar a Presidência?

VOLPI - Acho Marina um grande nome. Com grande representatividade. Ela modificou a agenda presidencial, obrigando que todos os candidatos, embora tivessem conhecimento, dessem mais importância às questões ambientais. Pelas pesquisas que vemos, ela tem possibilidade clara de alcançar até 15% dos votos, o que tem um significado muito grande. Agora, e isso é uma opinião pessoal, gostaria que ela se juntasse a algum candidato presidencial que assumisse o compromisso do PV nas questões fundamentais. Assim teríamos espaço no Executivo para mostrar que o PV tem grupo e pessoas que hoje estão habilitadas a entrar na direção do País.

DIÁRIO - E qual seria o melhor partido para essa aliança?

VOLPI - Acredito que teremos dois partidos para discutir: o PT, se a candidata for Dilma Rousseff, e José Serra, do PSDB. Acho que os outros candidatos que estão aí farão apenas figuração.

DIÁRIO - O PV vai crescer com as eleições deste ano?

VOLPI - O PV vai crescer muito. Prevejo que faremos sete ou oito deputados federais e 12 estaduais. Seremos a terceira bancada do Estado. Já fomos a quarta na última eleição - agora perdemos dois deputados -, mas nós fizemos mais que PTB, PMDB, PSB, PPS. No Legislativo, acredito que vamos atingir o auge.

DIÁRIO - Quais são seus planos futuros na política?

VOLPI - A questão é a idade. Não quero ser deputado federal mais. Tive problemas de adaptação em Brasília. Creio que fui um bom deputado estadual. Pode ser que volte a me candidatar (ele já afirmou que poderia disputar a Prefeitura de Mauá em 2012), mas não é algo claro para mim. Acho que poderia servir ao partido. É algo que se encaixaria muito mais no meu perfil.




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