O vice-presidente da montadora norte-americana GM (General Motors) no Brasil, José Carlos Pinheiro Neto, afirmou na última quarta-feira que a montadora já fez a "lição de casa" no País, em uma referência a cortes de despesa, que irão atingir a matriz norte-americana num esforço para resistir à crise da economia dos Estados Unidos.

Na avaliação do executivo da multinacional do setor automobilístico, a situação pode favorecer o Brasil. "Aqui realizamos mais investimentos, porque são os (países) emergentes que estão crescendo", constatou, em entrevista antes de apresentar palestra na Federasul (Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul).

Pinheiro lembrou que o mercado brasileiro projeta algo entre 3 milhões e 3,2 milhões de unidades em 2008, número que será recorde.

Ele afirmou que a demanda no País continua forte, mas nos últimos dois meses não há mais "aquela exuberância" na velocidade de vendas, comparou ele, "o que é positivo, pois reduz a fila de espera".

A GM aumentou a capacidade de produção de sua unidade de Gravataí (RS) de 120 para 230mil/240 mil veículos por ano e prevê que este limite será atingido em
2009. Em 2008, a fábrica deve produzir 225 mil unidades, ante 129 mil feitas em 2007.

A GM espera faturar US$ 12 bilhões este ano no Brasil e está remetendo lucros e dividendos à matriz norte-americana, reiterou o executivo da multinacional.
Ele ressaltou que a montadora teve resultado negativo no País entre 1998 e 2005, situação que se modificou a partir de 2006.

A matriz da companhia colocou mais de US$ 1 bilhão no socorro à operação brasileira entre 2003 e 2005, disse Pinheiro Neto, e agora, "face à situação atual, retornamos dividendos aos acionistas".

Nos Estados Unidos, a montadora anunciou que irá levantar US$ 15 bilhões em 2009 com a potencial venda de ativos, corte de custos e outras medidas de financiamento. Também vai suspender o pagamento de dividendos aos acionistas e cortar algumas compensações para funcionários.