Neste sábado mesmo, Baptista iniciou seu trabalho de bombeiro. No final da tarde, se reuniu no ministério com Bräuer e com os outros integrantes do alto comando da Aeronáutica para acertar sua linha de trabalho. A demissao de Bräuer causou insatisfaçao entre oficiais da Aeronáutica, e na manha deste sábado havia em Brasília o boato de que o alto comando da Força iria pedir exoneraçao. Depois de uma reuniao do Comando da Aeronáutica, que durou três horas, com a presença de Walter Brauer, foi abortada a possibilidade de renúncia coletiva dos comandantes.
O chefe do Estado Maior da Aeronáutica, Marcus Hernzl também decidiu nao renunciar em solidariedade a Bräuer, depois de ter sido preterido na indicaçao por Baptista. Participaram do encontro, quatro brigadeiros: Osires Carvalho, do Comando Geral de Pessoal; Marcus Hernzl, chefe do EMA; Henrique Marini, Comando Geral do Ar e José Marconi chefe do Departamento de Ensino e Pesquisa. "Nao sei qual o propósito deste posicionamento", disse, ao sair, o brigadeiro Osires ao ser perguntado sobre a possibilidade de renúncia do Alto Comando. "Nao tenho nada a declarar", desconversou. O brigadeiro Marco Antonio Oliveira, do DAC, permaneceu no Rio de Janeiro. O ministro da Defesa minimizou a insatisfaçao dentro da Aeronáutica, afirmando que a nomeaçao de Baptista foi fruto de longas conversas com todos os comandantes da Força Aérea.
"O brigadeiro Baptista é quase uma unanimidade dentro da Aeronáutica e é muito respeitado dentro das outras Forças", afirmou Elcio Alvares na saída da reuniao com o presidente Fernando Henrique, sugerindo que o presidente do STM é um nome forte para comandar a Aeronáutica nos próximos três anos de mandato de Fernando Henrique Cardoso. Carlos de Almeida Baptista foi chamado às pressas no Rio na última sexta-feira e neste sábado mesmo assumiu os trabalhos junto ao Ministério da Defesa. "Estou recebendo uma missao e um bom militar nunca recusa uma missao", disse Baptista.
Walter Werner Bräuer deixou o cargo depois de fazer comentários sobre as acusaçoes feitas pela CPI do Narcotráfico contra a assessora especial de Elcio Alvares, a advogada Solange Antunes Resende. Na última quinta-feira, Bräuer afirmou que funcionários públicos precisam ter vida `ilibada e transparente', o que foi considerado dentro do governo como quebra de hierarquia. Solange teve a quebra do seu sigilo bancário, fiscal e telefônico pedida pela CPI, e foi obrigada também a deixar o cargo nesta sexta-feira. Elcio mandou convocar Bräuer no Rio de Janeiro e anunciou a ele, às 19h30, sua decisao de demití-lo. "Brigadeiro, infelizmente nao há mais clima para o senhor continuar no cargo", disse o ministro secamente para Bräuer.
Neste sábado, ao anunciar oficialmente o nome do novo comandante da Aeronáutica, Elcio Alvares voltou a defender sua assessora, com quem trabalha há 20 anos, reafirmando que considera Solange uma pessoa "digna sob todos os aspectos".
O ministro se disse seguro de que, ao final das investigaçoes, ficará demonstrada a lisura no comportamento de Solange. "Tive que afastá-la, mas tenho esperança e quase certeza de que essas acusaçoes absurdas contra a doutora Solange nao têm sustentaçao", afirmou. O ministro tentou evitar críticas à CPI, mas reiterou que o pedido de quebra de sigilo de Solange nao foi fundamentado pelos deputados da comissao. "A CPI conta com a nossa simpatia e respeito, mas ela nao tem poderes absolutos. A comissao nao deu fundamento à decisao, e isso é uma questao de cidadania", disse Elcio Alvares, deixando claro que optou pelo afastamento da assessora `por razoes de Estad' e nao por uma decisao pessoal.
Elcio Alvares nao quis comentar a demissao de Walter Werner Bräuer, mas, apesar dos elogios que teceu ao brigadeiro, o ministro deu a entender que, com o novo comandante, haverá maior coesao dentro do ministério, criado em junho com um civil à frente dos três comandos militares. "Temos agora um clima forte de entendimento em favor de uma convergência de forças", disse Elcio Alvares, para em seguida completar: "Essa coesao em virtude da mudança do comando nao quer dizer que o brigadeiro Bräuer nao tenha colaborado quando estava no comando".
Walter Werner Bräuer enfrenta problemas dentro do Ministério da Defesa desde o episódio da viagem dos ministros civis em avioes da Força Aérea Brasileira (FAB), no início do ano. O brigadeiro também nutria divergências com o ministro em razao da extinçao do Departamento de Aviaçao Civil (DAC), que se transformará na Agência Nacional de Aviaçao Civil. Pouco antes das críticas à assessora de Elcio Alvares, Bräuer havia desmentido o anúncio do ministro de que o aviao presidencial, conhecido como Sucatao, seria substituído por uma aeronave nova.
Evitando polêmicas, Carlos de Almeida Baptista informou que, como presidente do STM, estava afastado dos problemas da Aeronáutica e por isso nao poderia opinar sobre os problemas enfrentados pela Força. "Até hoje, tenho sido mais magistrado. Só agora volto à condiçao de soldado, nao seria ético dar opinioes antes de conversar com o brigadeiro Bräuer", justificou-se.
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