Em 17 anos de profissão, o delegado Paulo Koch, titular da Delegacia de Pessoas Desaparecidas do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), nunca havia participado de um caso tão "estranho" quanto o que envolve o casal. "Não há indício de nada. Eles simplesmente sumiram. Deixaram tudo intacto. Nem água beberam", disse Koch.
As investigações não descartam nenhuma hipótese. "Eles tanto podem ter sido vítimas de um crime, como seqüestro ou homicídio, quanto ter montado uma cena para desviar a atenção sobre o que realmente pretendiam fazer", afirma o delegado. Mas essa segunda possibilidade é pouco provável.
Apesar da falta de pistas, o pai de Liana, Ari Friedenbach, faz elogios à polícia. "Estou emocionado com o empenho e a competência do pessoal. Eles estão se desdobrando para ajudar." Friedenbach, que chegou a empregar um helicóptero para ajudar nas buscas, disse que não vai desistir de encontrar o casal. "Vou procurar o tempo que for preciso."
Friedenbach assegura que nunca houve oposição ao namoro, iniciado há menos de dois meses. "O rapaz é trabalhador e muito educado. Ele freqüentava minha casa."
Segundo ele, a filha é muito tranqüila e gosta de conviver com os pais e o irmão. "Não dá para saber o que vai na cabeça dos adolescentes, mas não havia nada que justificasse uma fuga, por exemplo".
Liana e Felipe estudam no tradicional Colégio São Luís. Os dois têm bolsa de estudos parcial no período noturno. Ela cursa o 2º ano do ensino médio e escolheu o horário por causa da agenda cheia. "Liana faz inglês, ginástica e participa de um grupo de jovens", justifica o pai. Felipe, trabalhava de dia, mas estava parado. Teria uma entrevista de emprego segunda-feira.
No colégio, Felipe, conhecido como Caffé, é um dos alunos mais populares. "Ele está sempre alegre, chega cantando e dançando, cumprimenta todo mundo", disse a amiga Nayara Lima, 17 anos. "Estava ainda mais feliz com o namoro. Eles viviam se beijando."
Mais discreta, Liana também tem um apelido: Avril Lavigne, por conta da semelhança com a cantora. "Ela é muito meiga e os dois pareciam apaixonados. Uma vez brigaram e, quando fizeram as pazes, choraram. Achei bonito", relembrou Natália Santos, 17 anos. "Acho que eles estão vivos e espero que estejam bem."
Já Guilherme Oliveira, 17 anos, não tem muitas esperanças. "Eles não tinham motivo para fugir, se não apareceram até agora é porque estão mortos." Ex-namorada de Caffé, Fabiana Ferreira, 17 anos, também está pessimista. "Acho que eles não estão mais entre nós. Felipe sempre foi muito responsável e esforçado. Não faria nada que prejudicasse alguém."
Nos dois meses em que namorou Felipe, Fabiana chegou a ser convidada para acampar na chácara, onde o casal acabou desaparecendo. "Não aceitei porque não gosto de acampar e meus pais não iriam deixar."
Segredo - O casal se conheceu este ano no colégio. Na sexta-feira, os dois saíram de casa para viajar juntos. Os pais não sabiam da ‘lua-de-mel’. Friedenbach pensava que a filha ia acampar com amigas em Ilhabela. No domingo, como a filha não chegava, ele descobriu a aventura. Soube, pelos amigos do rapaz, que ambos iriam para o Sítio do Lê - a chácara onde Felipe gostava de passar os fins de semana.
Lá, Friedenbach diz ter encontrado tudo que os dois tinham levado para a viagem. Até os mantimentos comprados numa vendinha de Embu-Guaçu. Desde o início da semana, o pai da garota distribui panfletos com a foto de Liana, em busca de informações.
O DHPP tem recebido denúncias desencontradas. Nesta quinta-feira, o caseiro Sebastião Pio de Santana, que disse ter ouvido gritos de socorro, foi ouvido pelo delegado Koch, titular da equipe. Ele, porém, não soube dar mais informações.
Desde segunda-feira, 44 casas da região foram revistadas pela polícia. Todas foram indicadas por moradores do bairro como lugares abandonados onde teria havido alguma movimentação recente. Mas nada de concreto foi levantado pelos investigadores. Cães ajudam nas buscas.
Nesta quinta, às 11h, o Comando de Operações Especiais (COE) iniciou uma nova incursão pela mata que cerca o sítio. Os policiais, especializados nos resgates em florestas que desde o sumiço procuram pelo casal, seguiriam uma trilha fechada até a Cachoeira do Funil. A caminhada dura oito horas. Segundo moradores da região, a trilha é traiçoeira, fácil para se perder.
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