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Novo CD do padre Marcelo vendeu 1,1 mi de cópias
Do Diário do Grande ABC
21/11/1999 | 21:11
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O sucesso do padre Marcelo Rossi no mercado fonográfico está perdendo fôlego. Embora continue entre os campeoes de venda, ele dificilmente conseguirá repetir neste ano o fenômeno de 1998, quando seu primeiro CD, lançado pela Universal/Polygram, vendeu 3,3 milhoes de cópias em poucos meses. O segundo CD, "Um Presente para Jesus", lançado no fim de setembro vendeu até agora 1,1 milhao de unidades. A expectativa é que no período do Natal o ritmo das vendas se acelere.

No mercado fonográfico, o que ocorreu no ano passado com o padre Marcelo é considerado um feito excepcional. Com suas músicas religiosas, ele bateu o grupo de pagode Só Pra Contrariar, que lançou um CD no início de 1997 e vendeu cerca de 3 milhoes de cópias no período de quase dois anos, segundo informaçoes da gravadora BMG Brasil. No caso do padre, as vendas do CD "Músicas para Louvar ao Senhor" chegaram à marca de 3,3 milhoes em menos de meio ano. O sucesso inesperado surpreendeu até a gravadora.

Os cuidados e os investimentos para o lançamento do segundo CD foram maiores do que no primeiro. Há poucas possibilidades, porém, de se repetir o fenômeno de 1998.

Retraçao - De maneira geral, o mercado fonográfico enfrenta um período de retraçao, de acordo com informaçoes das gravadoras. Quase todos os artistas que fazem sucesso no segmento considerado mais popular foram afetados. O CD do grupo Só Pra Contrariar, lançado há cinco meses, vendeu até agora 1,2 milhao de cópias, de acordo com BMG Brasil.

Isso nao quer dizer que o sucesso do padre Marcelo tenha chegado ao fim. Ele ainda é uma das maiores estrelas do mercado fonográfico. Menos de dois meses após o lançamento de "Um Presente para Jesus", o CD já figura entre os campeoes deste ano. Suas vendas estao no mesmo patamar das de artistas populares, como Leonardo, a dupla Sandy e Júnior e outros.

O CD intitulado "O Tempo", de Leonardo (que fazia dupla com o irmao Leandro, morto no ano passado), foi lançado em agosto e vendeu quase 1,5 milhao de cópias. O CD de Sandy e Júnior, "As Quatro Estaçoes", chegou ao mercado uma semana após o do padre Marcelo e já está com 850 mil cópias vendidas.

Dinheiro - De acordo com informaçoes da Diocese de Santo Amaro, à qual o padre Marcelo está vinculado, o dinheiro das vendas do novo CD deverá ser destinado à construçao de um novo templo na zona sul da cidade. Ele servirá para abrigar o Santuário do Terço Bizantino, hoje instalado no galpao de uma antiga fábrica. É no santuário que o padre Marcelo celebra missas, reunindo até 40 mil pessoas de cada vez.

Ainda de acordo com informaçoes da diocese, o dinheiro obtido com a venda de "Músicas para Louvar ao Senhor" foi destinado a obras sociais. Pelas normas da Igreja, o dinheiro poderia ter ido diretamente para o padre Marcelo. Como padre diocesano, ele nao fez voto de pobreza e pode acumular bens em seu nome. Isso nao é permitido para religiosos que pertencem a congregaçoes, como os franciscanos, dominicanos, xaverianos e outros. Para ingressar na congregaçao, eles fazem voto de pobreza. Um jesuíta, por exemplo, pode ter bens para seu uso pessoal, mas eles pertencem à ordem à qual está vinculado - no caso a Companhia de Jesus.

O padre Marcelo disse que, embora pudesse ficar com o dinheiro da venda, preferiu doar tudo à Diocese de Santo Amaro, à qual está vinculado. "Essa é uma das razoes pelas quais peço às pessoas para nao comprar CDs piratas", disse ele. "Quem faz isso perde a oportunidade de colaborar com as obras da Igreja."

Reuniao - O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) reúne-se terça-feira (23) , na sede da entidade em Brasília. O padre Marcelo Rossi deverá ser, indiretamente, um dos assuntos da pauta. Há bispos que querem discutir a realizaçao de eventos religiosos com a presença de padres cantores e de artistas populares, que estao se multiplicando pelo Brasil.

No encontro do conselho, que reúne a presidência, a Comissao Episcopal de Pastoral e os representantes das regionais da CNBB, os bispos deverao avaliar a liturgia dessas celebraçoes que lembram shows musicais. Alguns irao sugerir a necessidade de ser lembrado, sempre, o comprometimento da Igreja com questoes sociais e a defesa dos excluídos.

Nenhum padre, no entanto, deverá ser repreendido pela CNBB. Essa nao é a funçao da entidade, que também nao tem poder para isso. Pelas normas da Igreja, quem pode fazê-lo é o bispo ao qual o padre está vinculado. Se fosse o caso de repreender o padre Marcelo, por exemplo, isso caberia ao bispo d. Fernando Figueiredo. Ele tem estado sempre ao lado do padre e é o celebrante das principais missas que ele organiza.




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