Nacional Titulo
Chipkevitch se recusa a depor, mas é indiciado
Do Diário OnLine
27/03/2002 | 17:47
Compartilhar notícia


O pediatra e psicoterapeuta Eugênio Chipkevitch, acusado de dopar e abusar sexualmente de crianças e adolescentes em seu consultório, se recusou a dar declarações à polícia e a assistir às fitas de vídeo que mostram o médico assediando pacientes. Ele tinha depoimento marcado para esta quarta-feira, mas, seguindo orientação de sua defesa, resolveu só falar em juízo, isto é, na presença do juiz. Mesmo assim, foi indiciado por atentado violento ao pudor.

O delegado do 51º Distrito Policial (Butantã), onde o caso foi registrado, Virgílio Guerreiro Neto, insistiu para que o pediatra assistisse às fitas, mas foi em vão. Segundo Guerreiro, enquanto uma das fitas era exibida, Chipkevitch ficou olhando para o chão e posteriormente pediu para que as imagens não fossem passadas. "Ele ficou olhando para o chão. É uma pessoa fria. Exibi as fitas porque fazia parte do meu roteiro, mas ele não quis assistir", contou.

Logo após o depoimento, Guerreiro indiciou o médico por atentado violento ao pudor, mas ainda não está decidido em quantos casos será acusado e se ele responderá por outros crimes. Guerreiro afirmou que ainda não sabe se pedirá prisão preventiva do pediatra, mas garantiu que será solicitada a prorrogação da prisão temporária.

O promotor José Carlos Blat informou que o médico também poderá responder pelo crime de reproduzir em filme cenas de sexo explícito com crianças e adolescentes. Ele esclareceu que isso só será definido após o encerramento do inquérito policial.

Blat não quis informar quantos adolescentes já foram identificados, mas estima-se que este número esteja perto de 20. No entanto, ele contou à Rádio CBN o depoimento de uma das vítimas de Chipkevitch que o teria impressionado bastante. O promotor foi procurado por um rapaz, hoje maior de idade, que foi paciente do pediatra e que afirmou ter durante muitos anos um 'fantasma' em sua mente. Segundo Blat, o jovem lembra ter visto a sombra de um homem que cometeria abusos sexuais contra ele. Na ocasião, contou isso ao médico, que respondeu que ele poderia estar tendo alucinações.

A polícia vem encontrando problemas em encontrar pais de adolescentes molestados que aceitem prestar queixa formal contra o médico. As famílias têm receio de procurar a polícia na tentativa de preservar as vítimas. Até o momento, foram feitas apenas duas representações contra o médico.

Tumulto — Chipkevitch, que esteve no 51º DP pela manhã, já retornou para o Distrito Policial da Casa Verde, onde está preso em cela especial. Nesta quarta, ocorreu um princípio de tumulto no Instituto Médico Legal (IML) onde o médico passou antes de chegar ao 51º DP. Ao ser reconhecido na rua, Chipkevitch foi muito ofendido por populares.

De acordo com o advogado de Chipkevitch Otávio Augusto Rossi Vieira, é um direito constitucional do médico só se pronunciar perante o juiz. Apesar de se negar a revelar qual linha de estratégica deverá ser adotada pela defesa durante o processo, o advogado não descarta a hipótese de pedir um exame de sanidade mental do médico.

A polícia descobriu nesta terça-feira que o pediatra costumava levar jovens com idade entre 18 e 19 anos para um apartamento localizado na rua Frei Caneca, nº 485, na região da Avenida Paulista, no centro da capital paulista.

O renomado pediatra foi preso na última quinta-feira, em seu apartamento no Brooklin, zona Sul de São Paulo.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;