Economia Titulo
Cabeleireiro lidera
abertura de negócios
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
18/09/2011 | 07:26
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O Grande ABC possui mais salões de cabeleireiros do que lanchonetes no programa Empreendedor Individual, que teve início em julho de 2009 e formaliza negócios com faturamento mensal de até R$ 3.000. Com base em dados disponíveis para as sete cidades, existem 1.493 cabeleireiros contra 276 lanchonetes. As informações são do Portal do Empreendedor, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

A quantidade de cabeleireiros formalizados pelo regime de empreendedor individual na região supera, por exemplo, o total de padarias, em torno de 1.000, e de farmácias, pouco mais de 700.

Uma das possíveis explicações para a atividade liderar a abertura de negócios na região é o baixo custo para se capacitar. Os cursos, que duram em torno de seis meses custam em média R$ 1.000. E, neste caso, o principal para operar é a mão de obra. Além disso é necessário de um secador, uma tesoura e um lavatório. Diferente, por exemplo, da lanchonete, que demanda chapas e forno, além de utensílios de cozinha, itens de valor bastante superior.

Dados do Instituto Embelleze mostram que, em todo o País, o número de matrículas em agosto cresceu 17%, frente ao mesmo mês em 2010. No primeiro trimestre a expansão foi de 26%, quando alcançaram marca histórica de 50 mil alunos.

Outro fator é que, com a melhora na renda do trabalhador e a estabilidade no emprego, o poder de compra aumentou, o que fez com que os gastos com beleza também crescessem. Pesquisa da Fecomercio realizada com base em dados da pesquisa de orçamento familiar do Intituto Brasileiro de Geografia e Estatística aponta que, de 2002 a 2008, o gasto mensal das famílias brasileiras com serviços de cabeleireiro aumentou 44%.

As famílias que pertencem à classe B foram as que mais gastaram com cabeleireiros, sendo que a despesa em 2008 totalizou R$ 281 milhões por mês. Na sequência, vieram as classes D e C, com R$ 236,5 milhões e R$ 208,9 milhões, respectivamente. Consumidores da classe A desembolsaram R$ 143,3 milhões por mês, e da classe E R$ 138,3 milhões.

O analista da unidade do Sebrae-SP da região Rodrigo Ferreira diz que essa é atividade tipicamente feminina e geralmente complementa outras funções, como cuidar da casa e comercializar cosméticos, doces e salgados. "Isso faz com que o número de cabeleireiros seja alto", afirma.

 

Segmento representa 9,5% dos empreendedores

 

 

Dos 15.554 empreendedores individuais formalizados no Grande ABC desde que o programa foi lançado, até hoje, 9,5% são cabeleireiros.

Das sete cidades, a atividade lidera a formalização em cinco delas, exceto em Mauá e Diadema. Em Santo André, 9,3% (383) dos 4.131 que saíram da informalidade são cabeleireiros. Em São Bernardo, são 9,07% (403) dos 4.443.

O analista da regional do Sebrae-SP Rodrigo Ferreira diz que os percentuais são expressivos. "Existe migração muito grande de autônomos para o empreendedor individual, pois a taxa mensal é baixa", afirma.

As outras atividades que têm mais procura são a de comércio de vestuário (o que pode incluir ambulantes) e promoção de vendas.

O Grande ABC possui atualmente, de acordo com estimativas do IBGE, 194.014 informais com potencial de se tornarem EIs. Ou seja, até o momento, apenas 8% se formalizaram, fato que sinaliza para resultado ainda maior.

Para integrar o regime de tributação do EI, é preciso faturar até R$ 3.000 mensais (R$ 36.000 anuais), ter até mais um funcionário registrado e pagar de R$ 28,25 a R$ 32,25 por mês. A maior parte, R$ 27,25, vão para a Previdência Social, R$ 5 vão para o Imposto sobre Serviços e R$ 1 para o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços.

Ferreira acredita que a quantidade de EIs não é maior porque o teto é baixo. "Mas há projeto de lei tramitando na Câmara que propõe a elevação de R$ 3.000 mensais para R$ 5.000", conta. "Existe a cultura de que é melhor ficar informal do que pagar impostos. O que atrapalha bastante é o fato de as pessoas desconhecerem que a tributação não é tão alta assim para quem tem pequenos negócios", diz, referindo-se à carga tributária cobrada de quem fatura até R$ 120 mil por ano, que as enquadra no Simples Nacional e aplica alíquota entre 4% e 6% do faturamento.




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