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A Casa do Jardim espera por sede própria

Entidade atua no auxílio a 80 crianças carentes com idade entre 4 e 16 anos desde 2002

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
17/01/2012 | 07:00
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O Instituto A Casa do Jardim espera por espaço físico próprio para continuar a realizar o trabalho voluntário feito há dez anos com crianças carentes de Santo André. A instituição não poderá continuar a ocupar casa no bairro Jardim, onde está há quatro anos, por conta do alto custo do aluguel. A esperança é que solicitação de àrea à Prefeitura de Santo André, feita há quase dez anos, seja atendida.

De acordo com a presidente e fundadora da entidade, Kátia Carvalho, a cada tentativa de doação de espaço, a Prefeitura solicita nova documentação e alega que não há terrenos disponíveis. "Não queremos dinheiro. Só precisamos de um espaço, mesmo que seja de chão batido, para continuar a atender nossas crianças", destaca.

A ideia de Kátia é juntar quantia suficiente para pagar os dois próximos meses de aluguel (cerca de R$ 7.000) e depois, caso não haja solução, voltar a atender na rua, como no início do projeto. "Seria regredir, mas se não tiver outro jeito faremos isso."

Atualmente, a casa atende 80 crianças com idade entre 4 e 16 anos, das 13h às 17h. No instituto, os beneficiados recebem alimentação, aulas de inglês, informática, atividades culturais, atendimento psicológico, encaminhamento médico e odontológico, além de atendimento social. Durante uma década de atividades, já passaram pelo espaço cerca de 340 crianças. A fila de espera para ingressar no projeto tem 328 pessoas.

O critério de escolha dos beneficiados é simples. Basta estar em situação de risco social. Todos os dias, um ônibus busca a criançada na Vila João Ramalho e Jardim Irene. Grande parte dos atendidos não tem o que comer em casa, enfrenta problemas de drogadição dos pais, além de sofrer maus-tratos e até abuso sexual, revela Kátia. "Temos 12 crianças que estão em abrigos hoje e que passam o sábado aqui com a gente", observa.

Para manter a instituição, além das sete voluntárias empenhadas em ajudar as crianças, o projeto conta com cerca de 2.000 parceiros, responsáveis não só pela manutenção do aluguel do local em que estão durante os últimos cinco anos, como também pela garantia de alimento, roupas, brinquedos, material escolar e remédios, entre outros. "A gente consegue arrecadar R$ 2.000 e uma tonelada e meia de comida por mês", esclarece.

Projeto dá nova perspectiva de vida

A realidade da estudante Geovana Cristina Mesaroch, 15 anos, poderia ser diferente caso não recebesse acompanhamento no Instituto A Casa do Jardim desde os 11 anos. Filha de pais separados, ela hoje mora com a avó em comunidade carente no Parque Miami, em Santo André, longe dos cinco irmãos. No entanto, vive expectativa de conseguir emprego por meio do curso de capacitação de jovens que iniciará em agosto.

"Minha mãe me deixou com a minha avó quando tinha 14 dias porque ela era muito nova (tinha 16 anos) e queria sair", revela Geovana. Segundo a jovem, graças à instituição e às doações, as crianças que ali estão têm oportunidade de aprender e ir melhor na escola e também receber roupas e alimentação adequada.

Além de ter aprendido a conviver com as diferenças, Geovana destaca ter formado outra família. "Nas férias, a gente fica com saudade."

Para a vida de Gustavo Scodeler dos Santos, 10, estar na Casa do Jardim só trouxe melhorias. O estudante mora com a mãe, que está desempregada, no Jardim Irene e mais dois irmãos - de 3 e 17 anos. O irmão mais velho, Antônio, também foi acolhido pela casa e hoje trabalha em restaurante para ajudar a família.

"Aqui a gente tem comida, levo leite para meu irmãozinho, roupa e até brinquedos", destaca. Além disso, as amizades também são tidas por ele como troféu.




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