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Polícia reconstitui crime para achar autor de tiro
Christiano Carvalho
Da Redaçao
12/11/2000 | 20:54
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As quatro horas de interdiçao de um trecho da avenida dos Estados em Santo André na manha de domingo para a reconstituiçao do bloqueio policial ocorrido no dia 8 de setembro devem auxiliar a identificaçao do autor do disparo que atingiu a cabeça da psicóloga Ana Maria de Souza Ramos, 41 anos. A intençao do procedimento é tentar compensar a impossibilidade de se fazer o confronto balístico, já que a bala está alojada na cabeça dela e sua retirada coloca em risco a vida da vítima, que está estado de coma desde entao.

"Nosso objetivo é, na melhor das hipóteses, determinar quem acertou o alvo ou pelo menos eliminar aqueles que certamente nao atiraram em sua direçao, de forma a restringir responsabilidades", explicou o perito Hélio Rodrigues Ramacciotti. Para isso, os especialistas tentam traçar a trajetória da bala no espaço e dentro do crânio de Ana Maria. Além de Ramacciotti, a equipe do Instituto de Criminal de Santo André trabalhou com o perito-chefe Pedro Luis Vieira, dois fotógrafos, um desenhista e um cinegrafista.

Os dezoito policiais militares que estavam em motos e viaturas na manha dos fatos participaram da reconstituiçao, que foi coordenada pelo capitao Paulo Barthasar Júnior, comandante da 1ªCompanhia do 10º Batalhao. "Nossa intençao é demonstrar lisura em todos os nossos procedimentos. A conduta (disparo que atingiu a psicóloga) foi um ato individual, que nao representa as técnicas usadas pela corporaçao", disse ele, responsável pelo inquérito policial militar que apura os acontecimentos, garantindo que nao haverá corporativismo por parte da PM. Barthasar ainda acredita ser possível individualizar a conduta. Outro inquérito, da Polícia Civil, está em andamento no 2º DP de Santo André.

Ana Maria estava com o seu Pálio branco, com o filho de 6 anos, sentido Sao Paulo-Mauá na avenida dos Estados. Ela estava parada em um semáforo e ia entrar na avenida Antônio Cardoso. Neste momento, no sentido contrário da via, o adolescente V.R.F., 17 anos, acusado de ter participado de um roubo a um banco no Shopping ABC Plaza, na avenida Industrial, minutos antes, era perseguido pela polícia, que montou vários bloqueios para detê-lo. Foram dados de 15 a 20 disparos, mas nenhum acertou o menor. Uma bala perdida foi ao encontro da psicóloga.

"A partir das informaçoes parciais dadas pelos policiais e por duas testemunhas - um motorista de ônibus e um funcionário do Sam`s Club, situado no local -, traçamos o posicionamento dos bloqueios", disse Ramacciotti. Um policial voluntário em uma moto repetiu o percurso feito por V., que nao participou da reconstituiçao porque teria fugido do local onde estava detido.

A equipe de peritos irá se reunir para verificar se os fatos reconstituídos sao compatíveis com os verdadeiros, conforme a análise das alturas das pessoas envolvidas. A hipótese de uma nova reconstituiçao nao foi descartada. As conclusoes devem sair em um prazo de 30 dias, que pode ser prorrogado.




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