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PT e PMDB confirmam acordo, mas não descartam rompimento
Do Diário OnLine
08/01/2003 | 21:40
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O PT e o PMDB confirmaram nesta quarta-feira que chegaram a um acordo a respeito das presidências da Câmara e do Senado. Pelo entendimento entre os dois partidos, que têm o maior números de parlamentares no Congresso Nacional, o PT ficará com o comando na Câmara e o PMDB terá a liderança do Senado. Nenhuma das legendas, entretanto, descartou a possibilidade de esse acordo ser rompido.

"Se furar em uma Casa, fura na outra. Esse é o jogo e as partes têm consciência disso", afirmou o presidente nacional do PT, José Dirceu. O líder do PT na Câmara, deputado Nelson Pellegrino (BA), aposta na manutenção do acordo, mas já antecipou que, se por algum motivo o PMDB voltar atrás, seu partido estará livre para discutir outros cenários que garantam a eleição de João Paulo (SP) para a presidência da Casa.

Uma das possibilidades, segundo Pellegrino, seria um acordo com o PSDB de São Paulo e de Minas Gerais. Apesar de esses dois Estados serem governados por tucanos, as maiores bancadas nas Assembléias Legislativas são do PT. "Se o PSDB não romper com a tradição do Congresso, da maior bancada indicar o presidente, nós não entraremos, por exemplo, nas disputas destas assembléias", explicou.

Outra possibilidade que não está em negociação, mas que não será descartada se o entendimento for rompido, é um acordo institucional com o PFL. "O PT apoiaria um candidato do PFL no Senado em troca do apoio ao candidato do PT na Câmara", acrescentou.

Termos do acordo - Pela tradição da Câmara, o partido que elege o maior número de deputados tem direito à presidência da Casa. É o caso do PT, que pela primeira vez conseguiu obter a maioria das cadeiras (91). O mesmo acontecerá no Senado: como o PMDB tem o maior número de parlamentares na Casa (20), ficou acertado que a presidência será sua.

O presidente do PMDB, Michel Temer, confirmou o entendimento, mas fez uma ressalva: o PT não poderá interferir na escolha do candidato à presidência do Senado. O nome de Renan Calheiros, o mais cotado dentro do partido para o cargo, não é o preferido entre os petistas, que desejam José Sarney.

O PT, porém, já garantiu autonomia ao PMDB. "Achamos que o partido tem o direito de definir o candidato dele. Queremos apenas garantir a base governista", afirmou nesta quarta-feira o líder petista na Câmara, deputado Nelson Pellegrino (BA).

Após esse acordo, o PT já aposta numa base de sustentação forte no Congresso este ano. Nas contas da legenda, já estão garantidos pelo menos 230 votos na Câmara e 29 no Senado. Mas, para aprovar reformas importantes, como a da Previdência, ou fazer mudanças na Constituição é necessário o apoio de 308 deputados e 49 senadores.

Reaproximação - A retomada das conversas com o PMDB foi comunicada na manhã desta quarta-feira após uma reunião entre Genoino; o chefe da Casa Civil, José Dirceu; e a bancada do PT no Congresso.

O clima entre as duas legendas esfriou após a formação dos ministérios: os peemedebistas esperavam estar presentes entre os indicados para compor o governo, o que não aconteceu. Por "falta de acordo", o PT decidiu não incluir o PMDB no ministério, que ficou "magoado" e ameaçou acabar com a maioria governista no Congresso.

Entretanto, apesar de confirmar o acordo com o PT, Michel Temer foi enfático ao ser questionado sobre a possibilidade de ainda participar da nova gestão federal e, assim, formar a base de sustentação de Lula. "Essa possibilidade não está em estudo. O PMDB jamais pediu parte do governo. Pelo contrário, foi o PT quem pediu para o PMDB participar do governo".




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