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Em Brasília, turistas pedem mais 'justiça'
Beto Silva
Enviado especial a Brasília
29/12/2010 | 08:10
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Aos poucos o clima político em Brasília, que já é intenso por si só, vai aumentando, com a proximidade da posse da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), que entrará para a história como a primeira mulher a comandar o País. Enquanto o dia 1º não chega, os turistas que estão na Capital Federal pedem mais justiça, literalmente.

A miniatura do monumento A Justiça, escultura feita pelo artista Alfredo Ceschiatti, com três metros de altura, localizada em frente ao STF (Supremo Tribunal Federal), na Praça dos Três Poderes, é a mais vendida pelo comerciante de suvenirs José Natalino.

Ele fica na entrada do Museu Nacional, projetado por Oscar Niemeyer e inaugurado em 2006, com sua pequena mesa, onde estão dezenas de peças que representam os famosos pontos turísticos de Brasília.

Mas não é apenas pela beleza peculiar da estatueta que ela é a mais vendida por Natalino. Segundo o vendedor, que há três anos trabalha no local, existe ideologia política por trás da escolha dos turistas. "O brasileiro quer mesmo mais justiça, seja ela social, moral ou judiciária", salientou o comerciante natural de São Miguel Paulista (SP) e que possui familiares em São Bernardo.

A miniatura A Justiça divide espaço com as lembranças de Os Candangos - o original também fica na Praça dos Três Poderes -, do Memorial JK - museu do presidente que fundou Brasília, inaugurado em 1981 e localizado na Praça do Cruzeiro -, da Catedral e de outras arquiteturas históricas do Distrito Federal, atrações indispensáveis aos visitantes.

José Natalino ressaltou que o movimento de turistas em Brasília aumenta no fim do ano, independentemente de ter posse de um novo presidente da República, o que ocorre de quatro em quatro anos.

Um exemplo é o advogado Luiz Campos, que saiu de Americana (SP) com a família para passear na Capital do País. "Já conhecia a cidade, vim muitas vezes a trabalho. É um lugar lindo, que queria mostrar para minha mulher e meus filhos." O momento histórico da posse de Dilma, porém, não é a prioridade de Campos.

"O PT quando chegou ao poder tinha um discurso, mas não o colocou em prática", justificou o advogado, ao lado da mulher Ana Cláudia e dos filhos Henrique e Juliana.

Apesar de classificar o Brasil como um País maravilhoso, o diretor de marketing norte-americano Michael Ruckr também não estará presente à transmissão de posse petista. Ele elogiou o trabalho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e disse que o chefe da Nação brasileira é tão respeitado no Exterior quanto em território tupiniquim.

Indagado, então, sobre quem era o cara em sua opinião, não titubeou. "Barack Obama (presidente norte-americano, que afirmou que Lula era ‘o cara'), claro", respondeu Ruckr, após fotografar a Catedral de Brasília.Sua amiga Camila Rabelo, diretora de produção do South Park Studio, que mora nos Estados Unidos, ficará na cidade para a passagem de faixa presidencial, mas por motivos familiares, para estar mais tempo ao lado dos pais, que moram em Brasília. "Tomara que Dilma dê continuidade às ações de Lula."

 

Aos poucos, cidade entra no clima do evento de posse

 

O guia turístico Joel Linhares de Oliveira acredita que até sexta-feira Brasília receba milhares de visitantes exclusivamente para a posse presidencial. A expectativa do profissional que tem contato com diversos hotéis do Distrito Federal é que as hospedagens cheguem a até 80% da ocupação já amanhã.

A expectativa dos organizadores do evento é que 20 mil pessoas participem da atividade - equivalente a 10% da população local - já taxistas, vendedores ambulantes, manobristas de hotéis e outras fontes experientes, mas sem conteúdo oficial, estimam 70 mil expectadores na festa.

"Esse evento é realmente um atrativo a mais, tamanha a importância histórica", avalia o guia, que compara a cerimônia que ocorrerá no sábado com Dilma no papel principal à posse de Lula em 2003, quando o cidadão da classe trabalhadora subiu a rampa do Palácio do Planalto.

"Além de uma mulher chegar ao poder pela primeira vez no Brasil, é também a despedida de Lula, que tem grande popularidade, mesmo em fim de mandato", observa Oliveira.

A avaliação é de que os visitantes deem mais atenção ao evento de transmissão do cargo do que os moradores locais. Mesmo Brasília sendo uma cidade jovem - completou 50 anos dia 21 de abril deste ano - e consequentemente ter população púbere, a sociedade politizada está acostumada a vivenciar situações políticas importantes.

Os cidadãos de outros municípios do Brasil são mais acostumados com prefeitos e vereadores, ainda assim em menor escala do que os brasilienses, acostumados com autoridades de maior relevância.




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