Política Titulo Fim de acordo
Coreano enterra
negócios com Aidan

Empresário Nam Ho Kim desiste de investimento
de US$ 650 mi após 'demora' do governo andreense

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
15/01/2012 | 07:06
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A assinatura de um protocolo de intenções não foi suficiente para a Prefeitura de Santo André dar condições para a viabilidade do acordo firmado com o megaempresário coreano Nam Ho Kim, que prometeu investimento de US$ 650 milhões no município, equivalente a R$ 1,1 bilhão. Após exatos dois anos do termo, sem retorno da administração Aidan Ravin (PTB), o investidor desistiu da aplicação de recursos no negócio voltado para as áreas de Saneamento, Esportes e Educação.

A falta de vontade do governo, segundo o integrante do grupo de apoio do coreano no Brasil Pak Chung, deixou o empresário de "mãos atadas", enterrando a proposta vislumbrada para cidade. O agente do asiático, presidente executivo do Grupo TRG, sustentou que devido à demora na resposta do Paço não deu para prosseguir com o plano. "Temporariamente está suspenso (o projeto). Não vejo chance de encaminhamento num futuro próximo, antes da Copa (de 2014) ou Olimpíada (em 2016). Há estudo para implantar a medida em outro local", disse Pak, citando tratativas no Espírito Santo e Rio de Janeiro.

A intenção de Kim era investir num complexo que previsse uma universidade internacional, campo de golfe, hotel, postos de serviços e de Saúde, aterro sanitário e sistema de energia a biogás e tratamento de esgoto. Outra proposta visava construir uma fábrica de trens e de baterias à base de energia renovável.

Pak Chung afirmou que a justificativa da administração se deu em torno da complicação para conseguir a emissão de licenciamento ambiental da área. Por conta disso, o plano previsto para a região de manancial estagnou na Prefeitura. "O governo não garantiu que o projeto está apto a ser desenvolvido. Isso foi cansativo pela ausência de avanço, porque a iniciativa (assinada entre as partes) teria que acontecer dos dois lados."

O acordo foi assinado em 2010 com toda a pompa na Prefeitura. A assinatura contou com três integrantes do primeiro escalão petebista após diálogo com o prefeito. Na ocasião, Aidan avaliou que "a iniciativa era viável" e Nilson Bonome, então homem-forte da gestão, afirmou que iria "acompanhar as análises e promover outros contatos para avançar na concretização do convênio". O imbróglio no processo acabou emperrando a condução do negócio.

Em função do termo firmado, o empresário coreano direcionou três visitas a Santo André das sete viagens que fez ao Brasil.

Procurada, a Prefeitura preferiu não se manifestar sobre o assunto.

 

Kim tentou proposta em São Bernardo

 

O acordo ‘furado' não foi protagonizado apenas em Santo André. Numa das viagens ao Brasil, o megaempresário Nam Ho Kim assinou acordo com o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), em seu primeiro ano de governo, em 2009, mas a parceria não saiu do papel. A proposta previa investimentos em infraestrutura pelo mesmo valor da cidade vizinha: US$ 650 milhões. O coreano implementaria dois planos: campo de golfe integrado a uma escola internacional de intercâmbio e parque aquático na Represa Billings.

A primeira etapa não foi adiante porque o terreno vislumbrado por Kim, de propriedade privada, próximo à Rodovia dos Imigrantes, estaria com problemas de documentação e inapto judicialmente para compra. O segundo projeto teria contrapartida da Prefeitura, que investiria em benfeitorias no saneamento do Jardim das Oliveiras.

"Havia levantamentos para obras na localidade, feitos pelo Executivo, que estavam parados na Justiça. Tínhamos planilhas que mostravam a necessidade de serem feitas intervenções de saneamento e infraestrutura sem que qualquer cidadão fosse desapropriado. Podíamos recuperar o espaço, evitando despejo de esgoto na represa e remediar contaminação do solo", defendeu Pak Chung, representante do grupo coreano.

O interesse de Kim se concentrou no Grande ABC por estar "entre as maiores economias do País e com potencial a ser explorado." Após meses de tratativas entre as partes, o projeto naufragou sem demonstração de interesse na condução do processo.

O empresário confessou sentir-se "ofendido" por conta da ausência de desdobramento nos negócios, "sem tratativas adiante", enfatizando o gasto de R$ 40 mil ao País em cada deslocamento para tratar sobre o projeto.

 

Agente compara impasse na região com obras do Rodoanel

 

Integrante do grupo de apoio do empresário Nam Ho Kim, o agente Pak Chung comparou o impasse na evolução dos negócios na região com o imbróglio encontrado para a implementação do Rodoanel, pelo governo do Estado. "Se o problema era de licenciamento ambiental, as obras do Trecho Sul (da via), que atingiu diretamente o Grande ABC, enfrentaram dificuldades até de embargo em algumas oportunidades nesse quesito."

O agente atribui responsabilidade às prefeituras para o entrave. Segundo Pak Chung, as intervenções em Santo André e São Bernardo ficaram incompatíveis em virtude de um detalhe importante que passou despercebido pelas administrações locais. "Projetos propostos dessa magnitude não saem de uma hora para outra. O governo precisa dar continuidade nas ações", alegou o agente. "Não digo que impediram o nosso investimento, mas algo estranho aconteceu para que as negócios não tivessem retorno."

Especialista em desenvolvimento em descontaminação de água e solo, o empresário registra empreendimentos em pelo menos dez países. O coreano ficou famoso na Ásia por participar do projeto de revitalização do Rio Cheonggye, em Seul, na Coréia do Sul. O córrego foi canalizado e recebeu tratamento paisagístico em suas margens, tornando-se sucesso entre os coreanos e ponto turístico para estrangeiros. FM

 




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