Os vereadores de Rio Grande da Serra abriram uma CEI (Comissão Especial de Inquérito) para apurar denúncias, feitas pela população, de que a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) cobra pela coleta de esgoto das residências, mas lança a carga coletada nos principais bairros da cidade em redes de águas de chuva ou diretamente no braço da represa Billings. O assunto é considerado grave porque Rio Grande da Serra, que tem mais de 36 mil moradores de acordo com o Censo 2000 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) está inteiramente plantada sobre uma área de preservação de mananciais. A Sabesp acompanha a iniciativa dos vereadores e deverá falar sobre o assunto nesta terça-feira.

Integram a comissão os vereadores Pedro Wilson Marques Estanqueira, o Bacalhau (PSC), autor do projeto; José Gilvan Mendonça da Cunha (PPS), Marcelo Vieira de Oliveira (PTB) e Maria Aparecida Lopes da Silva (PFL). A nomeação por sorteio de Rui da Costa Pereira – o Rui da Sabesp (PSDB) – para integrar a comissão provocou protesto de seus colegas porque ele é ex-funcionário da companhia estatal. “O depoimento dele foi muito favorável à Sabesp. Acho que ele nem poderia fazer parte da investigação”, disse Cunha.

Os vereadores identificaram falta de coleta de esgoto nos bairros Jardim Maria Paula, Vila Conde, Santa Tereza, na área central da cidade e ao longo da avenida Cido Franco. Eles já pediram informações à Sabesp e admitem chamar técnicos da companhia para explicar a situação. De acordo com os vereadores, todo o esgoto coletado nestes pontos é jogado diretamente no braço da Billings que corta a cidade. “Na maior parte de Rio Grande da Serra não existe tratamento. O único lugar que eles podem alegar que tratam o esgoto é no bairro Santa Tereza onde existe um tanque de decantação chamado pelos moradores de Pinicão”, disse Cunha.

Como autor do projeto de criação da CEI, Bacalhau deverá ser escolhido para presidir o grupo. A primeira reunião será marcada durante a sessão ordinária desta quarta-feira. A CEI tem prazo regimental para concluir os trabalhos em 60 dias. Apesar da gravidade do assunto, os vereadores não pensam em adotar sanções contra a empresa e acham que talvez nem disponham de mecanismos para isso. “Na verdade precisamos de um posicionamento mais claro da Sabesp, para entender o processo. Para nós deveria haver o tratamento já que a empresa cobra pela água que a gente consome e não faz o tratamento do esgoto antes de jogar no rio. Isso é um absurdo em uma cidade que é 100% manancial.”