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Sob pressão do mercado, Copom define nesta quarta nova Selic
Anderson Amaral
Do Diário do Grande ABC
23/01/2007 | 23:16
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Em meio ao ceticismo com o qual o mercado recebeu o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o conjunto de medidas anunciado segunda-feira pelo governo para estimular a economia, o Copom (Comitê de Política Monetária) encerra nesta quarta-feira a primeira reunião deste ano e define a taxa básica de juros – atualmente em 13,25% ao ano – para os próximos 45 dias.

O lançamento do PAC criou forte pressão sobre o presidente do BC (Banco Central), Henrique Meirelles, cobrado publicamente pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante a apresentação do plano. Na ocasião, Mantega brincou com Meirelles ao dizer que o mercado trabalha com a continuidade da trajetória decrescente dos juros.

Diante disso, Meirelles está mesmo num beco sem saída, para usar uma expressão popular. Se a Selic cair consideravelmente, o Copom vai sinalizar ao mercado que sua decisão foi política.

Por outro lado, o PAC pode reforçar um cenário de mais cautela por parte do Copom, que deverá admitir riscos fiscais maiores. O problema é que uma queda discreta ou mesmo a manutenção da taxa atual poderá aumentar ainda mais o descrédito do mercado em relação à exeqüidade do programa anunciado pelo governo. Se a taxa cair, o BC sinalizará à iniciativa privada a continuidade da queda da Selic e, assim, pode estimular o setor a fazer sua parte no plano de investimentos.

Consultados pelo Diário, empresários e economistas do Grande ABC acreditam em sua maioria que o BC vai seguir o caminho intermediário: manter a trajetória de queda dos juros, mas promover uma redução discreta, entre 0,25 e 0,5 ponto percentual, o que levaria a Selic para 13%, no primeiro caso, ou 12,75%, no segundo.

Para o economista Francisco Funcia, do Imes (Universidade Municipal de São Caetano), as variáveis macroeconômicas que determinam a Selic favorecem a continuidade da queda nos juros. “A economia está estável, os preços estão sob controle e a inflação caminha para ficar abaixo da meta oficial do governo também neste ano. Por isso, acredito que o corte será de 0,25 ponto”, disse. Para o economista, o Copom sabe que sofrerá pressão para promover uma redução mais significativa, mas isso não deve ocorrer. “O BC vai aproveitar a oportunidade para sinalizar ao mercado que opera de forma independente”, imagina.

No entender do presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), Valter Moura, a redução da taxa será de 0,5 ponto percentual. “Não existe um fator externo que indique menor queda, pois a economia está estável”, afirmou.

Ele acrescentou, porém,que a redução não é a ideal para que se alcance um crescimento vigoroso da economia. “Ainda é necessário reduzir muito a taxa. Juros altos são incompatíveis com desenvolvimento econômico”, ressaltou Moura. Para acompanhar as medidas anunciadas segunda-feira pelo governo, o empresário diz que é necessário uma redução gradativa da Selic. (Colaborou Gabriela Gasparin)



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