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Confiança da indústria cai pelo 3º mês seguido
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
01/04/2011 | 07:30
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As medidas do governo federal para conter o consumo, com a alta nos juros e as restrições ao financiamento desde o fim do ano passado, vêm gradualmente reduzindo o otimismo dos empresários do setor industrial em relação ao rumo dos negócios. É o que aponta pesquisa da FGV (Fundação Getulio Vargas) divulgada ontem.

O ICI (Índice de Confiança da Indústria), da FGV, teve queda bem pequena (0,1%) em março, passando de 112,5 para 112,4 pontos. No entanto, essa foi a terceira retração seguida do indicador, que caiu agora ao nível mais baixo desde novembro de 2009 (109,6 pontos).

Apesar da tendência de redução, o índice ainda está em patamar elevado (em escala que vai de zero a 200, acima de 100 pontos demonstra otimismo). "E comparando com outras ocasiões em que também havia elevação dos juros, a queda foi até pequena", afirma o coordenador dos indicadores de conjuntura da FGV, Aloisio Campelo.

O índice é importante, já que, se há desconfiança em relação aos rumos da economia, os empresários adiam ou cancelam investimentos.

Campelo cita, no entanto, que a demanda interna continua aquecida, o que ajuda a manter o ICI em alta. "A produção está na média histórica, embora já não esteja tão robusta como no ano passado", acrescenta.

Embora não faça previsões em relação a esse indicador, o economista da FGV observa que toda vez em que a política monetária foi restritiva, o índice caiu. Isso porque o consumidor se torna mais retraído em suas compras. As perspectivas também não se mostram muito favoráveis levando-se em conta o dólar, que nesta semana caiu para R$ 1,62, patamar que não era alcançado há dois anos e meio. "Se nada for feito, a confiança deve continuar caindo", afirma o diretor da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Diadema, José Gascon.

CAPACIDADE - Ainda de acordo com a pesquisa, o Nuci (Nível de Utilização da Capacidade Instalada) das fábricas também vem em queda. Passou de 84,5% em fevereiro para 84,3% em março. O nível atual é igual ao do mesmo mês do ano anterior e é o mais baixo dos últimos 13 meses (em fevereiro de 2010 ficou em 84%).

Isso mostra o ajuste da produção à expectativa de retração nas vendas. Para Campelo, o Nuci menor traz também menor margem de manobra para as empresas repassarem os preços.




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