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Advogado que denunciou alvarás escapa de atentado
Do Diário do Grande ABC
10/12/1999 | 20:14
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O advogado Abdala Isaac Sahdo Júnior, de 43 anos, principal denunciante do caso dos alvarás de soltura, escapou de um atentado às 3h30 de sexta-feira em frente à sua residência, no centro de Manaus. O vigia Adilson Carvalho, de 49 anos, viu um homem rondando, numa moto Saara 350, por duas vezes a residência do advogado. Na segunda vez, um homem moreno, forte trajando bermuda, camisa esporte e boné disparou seis tiros contra o carro de Badala Sahdo. No momento do atentado o advogado dormia e acordou com o barulho dos disparos, provavelmente de revólver calibre 38. "Os disparos foram muito fortes, eu me joguei instintivamente no chao, comecei a rolar e fiquei preso à parede", afirmou Abdalla Sahdo.

"Quando os disparos acabaram, eu levantei, corri para a janela e vi o vigia de arma em punho e a moto só de relance", disse, destacando que o pistoleiro nao devia saber que as duas janelas que dao para a rua sao do quarto onde dormia. O vigia Adilson Carvalho disparou dois tiros contra o pistoleiro, que fugiu sem deixar pistas.

Abdalla Sahdo afirmou que o atentado tem relaçao com suas denúncias contra o esquema dos alvarás. "Uma pessoa ligada ao Tribunal de Justiça do Amazonas comunicou-me que há uma trama para me matar", disse o advogado, que está sem proteçao por causa da falta de contingente da Polícia Federal.

Assassinato - Há 11 dias, o comerciante Pedro França, beneficiado pelo esquema dos alvarás, foi assassinado por um pistoleiro, que também usou uma moto para chegar ao local do crime. Oito dias antes, a mulher de França, Maria de Lourdes França, depôs no Superior Tribunal de Justiça e declarou que pagou R$ 42 mil à advogada Maria José Rodrigues Menescal de Vasconcelos, também investigada.

Nesta sexta-feira, por volta das 10h30, dois peritos e agentes da Polícia Federal recolheram fragmentos de balas no carro do advogado. Duas foram disparadas no pára-brisa e uma terceira furou o radiador. A quarta bala atingiu o pára-choque, a quinta, a placa de anúncio de uma mercearia, que fica ao lado da residência, e a última, uma árvore. Os fragmentos serao encaminhados ao Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília, para exame de balística.

Em outubro, a Procuradoria da República do Amazonas determinou a abertura de inquérito na Polícia Federal para investigar ameaças de morte contra o advogado. Segundo Abdalla Sahdo, as ameaças partiram de pessoas ligadas ao gabinete do desembargador-corregedor do Tribunal de Justiça do Amazonas, Daniel Ferreira da Silva, investigado pela CPI do Judiciário e pelo Superior Tribunal de Justiça por suposto envolvimento no esquema dos alvarás para beneficiar narcotraficantes.




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