Logo que soube que interpretaria uma garota de programa em A Favorita, Raquel Galvão decidiu pesquisar mais sobre a profissão tida como a "mais antiga do mundo". Chegou a visitar uma casa de prostituição em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Mas foi só começar a ler mais cenas da doce Melissa para a atriz perceber que, na verdade, o caminho não era esse.
Tanto que, até agora, a profissão da jovem não chegou a ser tão trabalhada na história. Principalmente pela restrição de cenas picantes antes das 22h, horário em que o capítulo da novela já está terminando. "Da forma como a Melissa foi construída, nada ali imprime as características de uma prostituta. O que fica mais evidente é o lado sonhador e ingênuo dela", analisa Raquel.
A atriz se refere ao sonho da personagem de encontrar um ‘príncipe encantado'. Por isso mesmo, sua atuação permite trejeitos e uma forma de encarar a realidade bem distantes dos da própria intérprete. Criada em Afogados de Ingazeira, no interior de Pernambuco, Raquel tinha tudo para ser uma menina com a mesma meiguice e ingenuidade que imprime no ar, na pele de Melissa. Mas, como a atriz gosta de se definir, não nasceu para "esperar o príncipe, casar e ser mãe". "Tenho instinto de sobrevivência. Não tenho a menor paciência para ficar esperando as coisas acontecerem. Sou prática demais", diz, levantando a cabeça.
Essa distância entre Raquel e Melissa é o que a atriz mais valoriza no trabalho. Acostumada com o mercado publicitário, Raquel ainda dá seus primeiros passos em interpretação. Até o ano passado, ela era apenas mais uma modelo que tentava uma vaga nos testes para a Oficina de Atores da Globo. Conseguiu não só a oportunidade de estudar por quatro meses na ‘escolinha de atores' da emissora, mas também saiu de lá direto para o papel em A Favorita. Desta vez, convidada.
"A gente não tinha essa noção de que as pessoas iriam ver aquelas cenas que gravávamos no curso. Mas de uma hora para outra eu estava conversando com o Ricardo Waddington sobre a novela", recorda, enquanto faz um balanço dos últimos dois anos.
Em 2005, Raquel finalmente conseguiu realizar seu sonho de infância: ser modelo.
Pé-de-meia - Na época com 18 anos, se mudou para São Paulo e em pouco tempo estava com contrato assinado para passar três meses em Milão. Não curtiu o lugar e decidiu voltar, novamente para atuar no mercado paulistano.
Até que surgiu o convite para ficar cinco meses na África do Sul, na Cidade do Cabo. No início, Raquel teve receio. Como não sabe falar inglês, imaginava que seria difícil se virar por lá. Mas acabou aceitando e começou a ver a vida melhorar desde então. "Fiquei impressionada em como se ganha dinheiro lá. A moeda é desvalorizada, então as coisas são baratas. Só que os clientes vêm da Europa e a gente recebe em euros", explica, completando que foi uma das melhores fases financeiras de sua vida.
Por enquanto, Raquel está aproveitando o tempo em que não está gravando para fazer cursos livres e se reunir, uma vez por semana, com sua turma da Oficina de Atores. A proposta é ler, a cada encontro, uma peça de teatro. "É um excelente exercício", avalia. Assim que as gravações terminarem, a atriz pretende voltar a trabalhar sua voz. Tudo para esconder o sotaque nordestino que, ao longo da entrevista, teimava em aparecer e sumir.
"Eu estava bem antes de começar a gravar. Mas a Melissa também é nordestina. Pediram para eu parar as sessões de fonoaudiologia para manter o sotaque", justifica.
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