Política Titulo
Vans que fazem tour dentro do Zoo Safári são da Prefeitura de Diadema
Elaine Granconato
Nário Barbosa
17/11/2009 | 07:33
Compartilhar notícia


Veículos locados pela Prefeitura de Diadema para transportar exclusivamente alunos de Educação Especial, pacientes e funcionários em serviço - conforme previsto em contrato com a Transkomby - atuam irregularmente e fazem dupla jornada no Zoo Safári nos fins de semana e inclusive em dias úteis. O contrato de terceirização proíbe expressamente esta prática. O espaço, mantido pela Fundação Parque Zoológico de São Paulo, é vinculada ao governo do Estado (Secretaria de Meio Ambiente).

O Diário flagrou na sexta-feira à tarde uma van cinza, Renault, prefixo 609, placas DYC 5966 (São Paulo), da Trankomby, empresa que loca os veículos para a administração Mário Reali (PT), fazendo tour dentro do Zoo Safári, antigo Simba Safári.

A Transkomby é permissionária de serviços de transporte interno para visitantes do Zoo Safári, parque que funciona de terça-feira a domingo. O último contrato foi homologado no fim de 2008, conforme informou ontem por e-mail a Secretaria de Meio Ambiente. Ao mesmo tempo, a empresa mantém, desde 2006, contrato de prestação de serviço de locação de veículos com a Prefeitura, conforme documento que a reportagem teve acesso.

O uso duplo dos veículos é totalmente irregular, principalmente porque o combustível utilizado é pago pela Prefeitura de Diadema. Entre as obrigações previstas para a Transkomby, segundo o item 13: "O veículo ficará em local determinado pela Divisão de Frota e Oficinas, mesmo fora do horário em que estiver à disposição da Prefeitura... Não sendo, em hipótese nenhuma, permitida a ida do motorista para sua residência no fim do expediente com o veículo, nem mesmo em fins de semana" (veja documento acima).

Na prática, porém, não é o que ocorre. Há cerca de um mês, a reportagem do Diário investiga o uso duplo dos veículos, especialmente vans que fazem o transporte de crianças especiais em clínicas e escolas especializadas de Diadema ou de São Paulo.

Ao contrário do que o contrato prevê, a maioria das vans está sem adesivos com logomarca da Prefeitura, principalmente ligadas à pasta de Educação. "Isso já é proposital. Assim, os veículos ficam livres para o tour nos fins de semana", afirmou um motorista, que pediu para não ser identificado. Outro profissional acrescentou que a prática ocorre "no mínimo há três anos".

Questionada sobre o assunto ontem, a Prefeitura de Diadema respondeu, por e-mail, que "desconhece o fato mencionado pela reportagem".

Jeferson Orlandino, que assina o contrato pela empresa Transkomky, recusou-se ontem a falar sobre o assunto com o Diário (veja diálogo transcrito ao lado).

Placas com imã, e o veículo se transforma para novo tour

A van de placas DYC 5966 e prefixo 609 flagrada pelo Diário na sexta-feira, em pleno dia útil da semana, no Zoo Safári, na Vila Moraes, em São Paulo, é uma das poucas que exibem as logomarcas da Prefeitura de Diadema: A cidade de todos nós - nas portas dianteiras e na frente. No entanto, estrategicamente, a empresa Transkomby se utiliza de placas imantadas do Zoo Safári por cima, quando está a serviço do parque vinculado à Secretaria de Meio Ambiente. O que passa despercebido pelos visitantes do parque.

E foi na sexta-feira, quando as frotas própria e terceirizada da Prefeitura estavam com os tanques praticamente vazios. O único fornecedor de combustível da administração cortou o abastecimento dos veículos por falta de pagamento - a Prefeitura está com débitos desde maio.

Sem combustível, muitos motoristas ficaram de braços cruzados em vários setores da administração. Outros até arriscaram partidas de dominó e carteado para passar o tempo, conforme o Diário apontou na edição de sábado.

A ordem para reabastecimento geral das frotas, no entanto, veio do Paço por volta das 16h, sete dias depois de corte geral. Nesse horário, a van ainda se encontrava dentro do Zoo Safári - o parque fecha as portas ao público às 16h.

Na mesma tarde, a van branca, com placas ATK 8855, prefixo 461, que costuma levar os motoristas para casa no fim do expediente no Paço, também trabalhava no local. Dois ônibus particulares com crianças de Educação Infantil participaram do tour dentro do parque, que ocupa área de cerca de 80 mil m² de Mata Atlântica, repleta de animais.

O contrato firmado entre a Prefeitura e a Transkomby, em 2006, ainda na administração do ex-prefeito José de Filippi Júnior (PT), tem o custo de R$ 3,75 milhões.

Indagada sobre a dupla jornada da Transkomby, a Secretaria de Meio Ambiente afirmou desconhecer o fato. "Não cabe ao Zoológico fiscalizar a frota a serviço de outros órgãos públicos".




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;