Economia Titulo Emprego
Indústria regional contrata 2.700 em 2011

Saldo de vagas é 71,8% menor do que o gerado em 2010, quando montante chegou a 9.600

Soraia Abreu Pedrozo
12/01/2012 | 07:10
Compartilhar notícia


O emprego nas indústrias da região está em movimento de queda livre. Embora já no início de 2011 não estivesse contratando tanto quanto em 2010, foi no segundo semestre que a situação ficou bastante difícil para os empresários - principalmente os pequenos - do setor no Grande ABC. O resultado foi que, no saldo de vagas do ano passado, foram gerados apenas 2.700 postos de trabalho, volume 71,8% inferior ao registrado em 2010.

Os dados integram a pesquisa de emprego na indústria, com abrangência estadual, desenvolvida pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo.

São diversos os fatores que justificam esse mau desempenho da força motriz da região, a indústria, que responde por cerca de 27% dos empregos das sete cidades, além de oferecer, em sua maioria, salários mais altos, registro em carteira e bonificações. O principal deles, e que vem sendo discutido há pelo menos oito meses, é a importação desmensurada, que, embora estimule o comércio, tira a competitividade das empresas nacionais. O custo elevado das matérias-primas somado à alta carga tributária e à burocracia para se manter um negócios atravancam o processo e impede, que os produtos sejam mais baratos.

"A indústria brasileira definitivamente perdeu o fôlego. Não tem como competir com os importados. E as empresas sustentam os empregos até onde podem", afirma o diretor do Ciesp de Diadema, Donizete Duarte da Silva. "O segmento está perdendo espaço na economia, está se desindustrializando. Tanto que muitos empresários compram o produto fora e o colocam em sua embalagem, como se fosse feito aqui. Dessa maneira, a indústria será substituída pelo setor de serviços."

Durante a maior parte do ano passado, o dólar permaneceu na casa do R$ 1,60, o que favoreceu os importados e, de quebra, tornou o produto brasileiro mais caro lá fora, o que dificultou as exportações.

Mesmo nos últimos meses do ano subindo para R$ 1,80 (quando começaram as crises europeia e norte-americana), a situação não mudou muito, pois, no mercado interno começaram a se formar grandes estoques, o que impediu que os pedidos fossem retormados.

Com cenário de alta inflação (que deve passar dos 7%), impulsionada por conta da demanda bastante aquecida (herança de 2010), o governo teve de elevar os juros no início do ano, além de coibir a oferta de crédito, diminuindo as parcelas e exigindo entrada, no caso do financiamento de automóveis. Porém, no segundo semestre, resolveu inverter o quadro, na tentativa de desovar os estoques, mas as medidas ainda não surtiram efeito.

"Se não forem tomadas sérias medidas de incentivo à indústria nacional, as demissões vão continuar. E é o trabalhador do setor que, por ganhar melhor, compra carro, apartamento e ajuda a movimentar a economia. Extinguindo seu cargo, o consumo também tenderá a ser reduzido."




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;