Você já se imaginou passeando por um jardim com mais de 900 borboletas coloridas? Isso é possível no Borboletário de Diadema, instalado no Jardim Botânico, onde vivem três espécies - a branquinha Ascia Monuste (borboleta-da-couve), a marrom Caligo ilioneus (olho de coruja) e a alaranjada Dryas iulia (conhecida como Julia). O local funciona como grande maternidade, para que o visitante possa acompanhar o processo da transformação da lagarta nesse bonito inseto.
Algumas espécies alimentam-se de néctar de flor, outras preferem fruta madura. Todas pousam no solo molhado para sugar os minerais (o local mantém o chão sempre úmido) e, como boas mães, botam os ovos nas folhas que os filhotes gostam de comer. Por isso, a equipe do parque sabe onde encontrá-los e os leva ao laboratório.
Conforme os ovinhos crescem, transformam-se em lagartas e são alimentadas com a planta certa. Nessa fase, comem muito e vão ficando gordinhas, até formar a pupa (como casulo), que vai servir de morada por cerca de duas semanas, dependendo da espécie e temperatura Essa pupa se mantém colada a uma parede ou planta, por meio da cera que a lagarta produz. E, a partir daí, sua vida é só comer.
Assim que se liberta da casinha, a borboleta elimina tudo que armazenou durante a fase chamada metamorfose. É como se fizesse cocô. Nas primeiras horas como borboleta, parece velha e cansada. É que a asa está úmida e bem amassada; são necessários, no mínimo, 20 minutos para que consiga abrir a asa totalmente. Depois disso, vai para o jardim, junto com suas companheiras.
Na mata não tem mordomia
Na natureza, a borboleta precisa se virar sozinha e corre mais riscos. Tem de encontrar o próprio alimento e fugir dos predadores. Por isso, ao longo do tempo, algumas desenvolveram um tipo de camuflagem nas asas, como a olho de coruja. Quando percebe que um sapo ou outro animal se aproxima para devorá-la, ela abre as asas para confundi-lo. Quem ia atacá-la muda de ideia, por achar que é outro bicho.
A mãe sempre procura a espécie de planta que o filhote gosta de comer para poder botar os ovinhos lá (no borboletário, o rango está disponível). A Dryas, por exemplo, só põe na folha do maracujá; já a olho de coruja prefere a de bananeira. Durante a fase de metamorfose, adora ficar tomando sol. Não só porque a sensação é agradável, mas porque o calor aumenta seu metabolismo, fazendo com que tenha mais energia e vontade de voar.
A borboleta é muito importante na natureza. Além de espalhar o pólen para fazer nascer novas flores, indica o tipo de vegetação que existe no local. Se tiver muita espécie Dryas, por exemplo, é sinal de que há plantação de maracujá nas proximidades.
A turma da 5ª E da escola Reinaldo Santana, de Diadema, visitou o Jardim Botânico para conhecer as fases de transformação da borboleta. "Adorei observar os ovinhos e a pupa. Nunca tinha visto antes", diz Shayla de Souza, 11. Os alunos ficaram surpresos ao saber como esse inseto se alimenta. Sua boca é como um canudinho fino e pequeno, chamado espirotromba; parece outra perninha. "Tinha agonia de ver o bicho voando, mas agora acho bonito com as asas bem coloridas", fala Ghiovanna Cristiane Silva, 10.
O Borboletário fica no Jardim Botânico de Diadema (Rua Ipitá, 193). Atende visitas às terças, quintas e sextas, que devem ser agendadas pelo tel.: 4059-7600. Grátis.
Transformação
A fêmea bota minúsculos ovinhos na folha que vai servir de alimento, para quando o filhote nascer, já que ele tem de se virar sozinho.
O filhote sai do ovo na forma de lagarta e come bastante para guardar energia, porque na fase seguinte não vai se alimentar.
Quando a lagarta vira pupa, fica dentro de um tipo de casinha, fixada na parede ou galho, que a protege enquanto vira borboleta.
Ao sair da pupa, a borboleta parece que está velha, com asa úmida e amassada; leva mais de 20 minutos para conseguir voar.
Consultoria de Rosana Cardoso, bióloga e coordenadora do Borboletário de Diadema
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