A cúpula do PSDB chegará dividida para discutir a privatizaçao do setor elétrico com o presidente Fernando Henrique Cardoso. O secretário-geral do partido, deputado Márcio Fortes (RJ) defende a privatizaçao do setor e entende que mesmo que a venda seja feita em partes, como deseja o ministro das Minas e Energia, Rodolpho Tourinho, "será importante" iniciar a privatizaçao das empresas de energia elétrica. "Nao sei porquê o Aécio está contra", disse Fortes se referindo a posiçao intransigente do líder do partido na Câmara em relaçao a privatizaçao de Furnas e na defesa da paralizaçao do processo de venda das estatais do setor para rever o modelo.

A posiçao divergente entre integrantes do PSDB está sendo interpretada pelo governo como uma questao política e eleitoral. O presidente do partido, Teotônio Vilela, é contra a privatizaçao de Chesf, que está localizada no n ordeste, onde se concentrar seu reduto eleitoral. No caso de Aécio Neves, se tem a mesma interpretaçao. Aécio, como admitem políticos e setores da área econômica, está numa posiçao difícil porque, ás vésperas das eleiçoes municipais na pode, mesmo que quisesse, defender a privatizaçao de Furnas, empresa cuja defesa contra sua privatizaçao tem mobilizado todo o governo Itamar Franco.

No almoço desta quinta entre o PSDB e o ministro Tourinho, que é afinado politicamente com o PFL, o presidente Fernando Henrique Cardoso irá arbitrar estas diferenças em sua base de apoio e que estao impedindo o avanço do processo de privatizaçao do setor elétrico. O presidente, segundo fontes do governo, tem firme convicçao de que se trata de "uma questao política" e tem reafirmado, quando perguntado, que, ainda este ano, Furnas será privatizada.

Na quarta-feira, o ministro Tourinho ratificou a intençao do governo ao anunciar que até outubro será vendida a usina de Santa Cruz, que faz parte da empresa, mas nao falou do cronograma para a venda de Furnas. A privatizaçao do setor elétrico foi um dos temas da reuniao do CND na terça-feira, no Palácio do Planalto.