Dizer que 2004 foi um ano de virada para Roberto Carlos, 63 anos, não é exagero. O cantor e compositor mais popular do Brasil encerrou um ciclo, superou desgostos e até enfrentou de frente, e publicamente, um grave problema de saúde.

Desde a morte da mulher Maria Rita, em 1999, Roberto passou por um período de recolhimento seguido de imersão espiritual. Isso se refletiu em seu trabalho. Os tradicionais discos de fim de ano, quando vinham, eram carregados de preces e louvações.

Mais recentemente, Roberto admitiu ser portador de TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo). Contou que, vencido o período de negação, chegou até a reconhecer nas suas famosas superstições (ojeriza ao marrom e adoração pelo azul, por exemplo) sintomas do transtorno psíquico. Voltou tão ao normal que já correram boatos sobre namoricos.

O fato é que no fim da viagem de autoconhecimento ele se voltou para sua essência, ou seja, seu trabalho. Neste fim de ano, às vésperas de seu tradicional e festivo especial de Natal da Globo (sábado, às 22h), os fãs podem optar pela primeira vez pelo registro em DVD de um "show de carreira" do Rei.

No lugar do desfile de convidados comum no programa natalino, o DVD Pra Sempre ao Vivo no Pacaembu (Sony, R$ 49, com CD bônus) traz Roberto ao violão (em Detalhes), Roberto ao piano (Acróstico), Roberto com total domínio do palco. A apresentação gravada em 23 de outubro passado é tecnicamente irretocável e sai com tiragem recorde entre DVDs nacionais - 110 mil cópias.

E como fã que é fã não faz questão de ser surpreendido está tudo lá. O intérprete entra impecável de branco e sai distribuindo as tradicionais rosas para as ouvintes do gargarejo. No durante, 23 músicas indefectíveis (veja quadro nesta página).

Profissionalíssimo, o repertório dosa sucessos de todas as fases de Roberto. Algumas ele havia deixado de cantar na fase mais depressiva, como Café da Manhã, Cavalgada, Os Seus Botões, Ilegal, Imoral ou Engorda e Despedida. Aos interessados em acompanhar o resgate da obra do artista, chega também às lojas o primeiro de cinco boxes de CDs, um inventário de sua obra. Nesta primeira caixa, Pra Sempre - Década de 60 (Sony, R$ 220), são contemplados trabalhos entre os anos 1963 e 1969.