Política Titulo
Empresa de bilhetagem de Mauá é de construção civil
Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
30/12/2010 | 07:48
Compartilhar notícia


Contratada emergencialmente por seis meses pela Prefeitura de Mauá por R$ 382 mil mensais (o que totaliza R$ 2,3 milhões no período), para implementação do cartão DaHora e unificação do sistema de bilhetagem eletrônica do município, a empresa PK9 Tecnologia e Serviços Ltda. não possui, entre seus ramos de atividade, nenhuma função relacionada ao trabalho exercido na cidade.

Na Jucesp (Junta Comercial do Estado de São Paulo), está registrada no segmento de construção civil. No comprovante de inscrição do CNPJ, na Receita Federal, apresenta como descrição econômica principal "atividades de monitoramento de sistemas de segurança", que também não têm relação com o serviço efetuado pela PK9 em Mauá.

Além disso, possui um leque de atividades secundárias, algumas sem qualquer relação uma com a outra: atividades paisagísticas; instalações hidráulicas, sanitárias e de gás; serviços de pintura de edifícios em geral; comércio varejista de outros artigos de uso pessoal e doméstico; limpeza em prédios e serviços combinados para apoio a edifícios, exceto condomínios prediais.

A Comissão Nacional de Classificação, do Ministério do Planejamento, no entanto, não enquadra bilhetagem eletrônica na classificação da empresa. Na subclasse "atividades de monitoramento de sistemas de segurança", constam ações como serviços de sistemas de alarmes, monitoramento com uso de imagem de satélite e instalação e reparação de cofres, trancas e travas de segurança.

Alertado que a empresa, de fato, não possui em seu ramo de atividade qualquer classificação que justifique o serviço de bilhetagem eletrônica, a PK9 emitiu a seguinte nota, admitindo, agora, a discrepância da atividade: "O departamento jurídico da PK9 informa que não existe qualquer impeditivo legal para a prestação de serviço à Prefeitura Municipal de Mauá, uma vez que o contrato firmado não exige qualificação específica da empresa contratada, apenas pluralidade do leque de serviços. Vale salientar que a inclusão do código 5229-0-99 (do ramo de bilhetagem eletrônica, segundo o Ministério do Planejamento) no guarda-chuva multiserviços da PK9 pode ser feita em 24 horas."

A administração do prefeito Oswaldo Dias (PT) apenas informou que, segundo consta no contrato social da PK9, seu ramo de atuação é na área de prestação de serviços, e não na de construção civil. A empresa, que tem sede no bairro de Perdizes, na Capital, foi aberta no dia 10 de setembro de 2009. Se o contrato com o governo petista não for renovado, vencerá no dia 22 de abril.

 

Acionista da PK9 recebeu R$ 909 mil da campanha de Dilma

 

Com capital atual de R$ 110 mil, segundo registro na Jucesp (Junta Comercial do Estado de São Paulo), a PK9 Tecnologia e Serviços Ltda. pertence a um grupo que tem, entre seus acionistas, a empresa de segurança CR 5 Brasil Segurança Ltda. As duas têm como sócios Welington Capelozzi Adaide, empresário que tem, entre seus hobbies, criação de cavalo quarto de milha. Na PK9, Adaide divide as cotas com Pedro Cavalcanti Tranchesi. Outras quatro empresas - Movenprint Informática Informática e Suprimentos, Letrasoft Educacional, Halta Ass. Consult. Gestão Empresarial e Target Ambiental e Serviços, além da CR 5 - têm participações no quadro societário da PK9.

Em 2010, a Halta doou R$ 3.000 para a campanha de José de Filippi Júnior (PT-Diadema) para deputado federal. Em 2008, A CR 5 Brasil deu R$ 13.639,84 para a campanha de Vilson Augusto de Oliveira (PT) a vereador da Capital.

 

CASO DE POLÍCIA

Neste ano, PK9 e CR 5 Brasil tiveram problemas durante a eleição presidencial. Em maio, a Polícia Federal apareceu de surpresa no comitê da então presidenciável Dilma Rousseff (PT), em Brasília, para apurar denúncia de que o partido havia contratado a CR5, que é de São Paulo e que atuaria de forma irregular em Brasília. A forma, então, de burlar a lei teria sido a subcontratação de seguranças por meio da PK9, que tem filial na capital federal. Na ocasião, a CR 5 informou que o PT havia contratado diretamente a PK9 para trabalhos de portaria, a mesma empresa que fornece serviços de bilhetagem eletrônica em Mauá.

Na prestação de contas da campanha de Dilma - que teve Filippi como tesoureiro - enviada ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), não há qualquer gasto nem com PK9 nem CR 5 Brasil. No entanto, o comitê financeiro nacional do PT para presidente da República declarou ter pago R$ 909.613,94 para a Halta Ass. Consult. Gestão Empresarial, que tem como segmento de mercado o comércio varejista, acionista das duas outras empresas e também dirigida por Welington Capelozzi Adaide.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;