Plasticamente belo Buena Vista Social Club é. Na Cuba natal, Omara Portuondo, Ibrahim Ferrer, Rúben Gonzalez e tantos outros estão à vontade, donos de naturalidade única, dispensando memórias, queimando charutos, preenchendo cenários kitsch – de um design atrasado no tempo, com móveis e automóveis, de procedência norte-americana, produzidos nos anos 40. Uma estética mezzo noir mezzo tropical.
Omara, Ferrer, Gonzalez, todos músicos do tal Buena Vista Social Club (uma casa de shows desativada), redescobertos por Ry Cooder e internacionalizados por Wenders. É a velha guarda da música cubana, que tolerou Fulgêncio Batista e tolera Fidel. O registro de Wenders, afetivo e afetado, os expõe e os amacia para o consumo.
O cineasta alemão chega a fazer deles as suas aspirações e ambições. Filma músicos e cantores em território cubano, num movimento introdutório para a apoteose nos concertos em Hamburgo e no Carnegie Hall, o templo nova-iorquino. O fascínio de Wenders pela cultura norte-americana não é de hoje (Paris, Texas) e, ao levar os “buenavistanos” a Manhattan, conclui o ciclo do missionário cultural. Exploração ou assistência?
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