Enquanto o líder histórico está entre a vida e a morte em um hospital próximo a Paris (capital francesa), Abbas preside as reuniões da OLP (Organização para a Libertação Palestina) e do Fatah – grupo armado de Arafat -, enquanto Qorei ficou encarregado da Autoridade Palestina.

Ainda que Arafat tenha resistido até o final a designar um sucessor, esses dois adquiriram à sombra do grande líder uma longa experiência na gestão política dos territórios palestinos, o que deve facilitar a transição.

Devido ao que representa para os palestinos, a provável morte de Arafat deixará um grande vazio na liderança da Autoridade Palestina e da OLP, suscitando temor de confrontos entre movimentos palestinos, fazendo a ameaça do caos pairar sobre os territórios.

Segundo o regulamento da Autoridade Palestina, quando Arafat morrer será substituído interinamente pelo presidente do CLP (Conselho Legislativo palestino, Parlamento) Rawhi Fattuh, uma personalidade de pouco peso. Ele assumiria o poder até a realização de eleições presidenciais nos 60 dias seguintes ao falecimento do líder palestino.

"Não há ninguém que possa substituir verdadeiramente Arafat, mas temos instâncias legítimas para evitar os distúrbios", explica uma autoridade do Fatah, Sufián Abu Zeida. "Abu Mazen tomará as rédeas da OLP enquanto Abu Alaa (Ahmed Qorei) continuará sendo o primeiro-ministro até que se organizem as eleições", afirma.

A hospitalização de Arafat permitiu a volta de Abbas, 69 anos, à cena política, quando praticamente estava esquecido após renunciar ao cargo de primeiro-ministro em setembro de 2003, devido à divergência com o chefe palestino.

Na ausência de Arafat, é ele que preside as reuniões do CEOLP (Comitê Executivo da OLP), da qual é secretário-geral desde 1996. Se conseguir consolidar seu papel de dirigente incontestável, pode ser o homem a retomar o processo de paz.

Entretanto, durante muito tempo teve entre seu povo a reputação de ser o representante dos americanos e o interlocutor favorito dos israelenses. Quanto a Qorei, este não conseguiu convencer o presidente americano George W. Bush e o primeiro-ministro israelense Ariel Sharon a recebê-lo até hoje, apesar de ser considerado moderado pelos próprios palestinos.

Segundo o analista palestino Ali Kharbaui, ambos podem entrar em acordo para assumir a direção juntos. "Será um exercício de poder conjunto. Abu Alaa continuará sendo primeiro-ministro e Abu Mazen vai liderar a Autoridade Palestina", afirma. "Nas atuais circunstâncias, é o caminho a seguir e isso não se discutirá nem em Gaza apesar do desgaste do Fatah em benefício do Hamas", opina.