No período em que esteve à frente da Secretaria da Educação de São Bernardo, por exatos 77 meses, Cleuza Repulho tirou nota 10 em escândalos e zero na condução de uma das Pastas mais importantes da administração da cidade. Ontem, já com atraso, foi oficialmente confirmada a sua saída, para alívio de pais, alunos e de todos que se preocupam com a formação e o futuro das novas gerações.

Cleuza se notabilizou pelo talento de ser sempre o centro de operações nebulosas. Chegou, inclusive, a ter a prisão pedida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público por formação de quadrilha. Após meses de investigação, os promotores concluíram que ela e outras 19 pessoas desviaram R$ 4 milhões na compra de mochilas e tênis para estudantes. Fato que causou repugnância geral, mas não sensibilizou o prefeito Luiz Marinho (PT), que a manteve no cargo.

Cleuza foi além, cortou a merenda em 200 escolas da cidade, o que afetou a alimentação de 85 mil crianças com idades entre 5 e 10 anos. A gritaria foi geral. Pais não se conformavam com a medida arbitrária, alunos queixavam-se da fome no período letivo, mas para Cleuza tudo não passava de um plano para combater a obesidade infantil. Crueldade pura.

Desta vez, parecia que a secretária tinha ido longe demais. Pois até a mulher do prefeito, Nilza de Oliveira (PT), aliada de longa data de Cleuza, e com fama de linha-dura, chamou-a de “irresponsável” após acalorada discussão nos corredores da Prefeitura. E Marinho mais uma vez ignorou os fatos e a sustentou no posto.

Cleuza parecia ter passe livre para fazer o que queria. Sabe-se lá por quais motivos. Agora, ao que tudo indica, a paciência do chefe do Executivo se esgotou. Marinho finalmente ouviu a voz da razão e resolveu tirá-la do governo. Foi tarde, mas ainda bem que saiu.