O cemitério Raiz da Serra, onde está enterrado o ex-jogador, é o retrato fiel do abandono. As condições são precárias. O chão é de terra batida e muitos dos túmulos de concreto estão mal conservados. O de Garrincha, simples e todo branco, tem o ano de seu falecimento grafado erroneamente - 20 de janeiro de 1985, sendo que ele morreu dois anos antes. Além disso, outra lápide informa que naquele mesmo jazigo está enterrada uma criança de dez anos, morta em 1955.
O túmulo não possui nenhum tipo de adorno. No início de maio, quando a reportagem esteve no local, também não havia uma única flor. "Vem pouca gente. Alguns aparecem em outubro e janeiro", contou um funcionário do cemitério, lembrando os meses de nascimento e morte de Garrincha.
A ausência de flores, velas ou algum outro tipo de homenagem talvez se explique pela dificuldade em se localizar o túmulo. Não há nenhuma indicação que mostre onde está enterrado um dos maiores ídolos do Botafogo e da seleção brasileira.
No mesmo cemitério há um pequeno memorial ao craque. Ele foi erguido em 1985 ao lado da capela pertencente ao ex-prefeito de Magé Renato Cozzolino. A ideia era depositar ali os ossos de Garrincha, mas a família do craque não permitiu. Sobrou a obra, que conta com inscrições que se tornaram ilegíveis com o passar do tempo.
O atual prefeito, Nestor Vidal (PMDB), reconhece que "o cemitério onde está sepultado nosso eterno ídolo não está à altura do que ele representa para Magé e o mundo". Segundo ele, a prefeitura tem a intenção de construir um museu em homenagem a Garrincha e transferir seus restos mortais para lá.
Pelos seus cálculos, erguer o museu exige um investimento que pode chegar a R$ 6 milhões. "Infelizmente, a prefeitura não tem condições de, sozinha, viabilizar este projeto", afirma.
Enquanto isso, os ossos de Garrincha seguem depositados em túmulo simples, esquecido em meio a tantos outros. Sobre ele, além do nome e das datas de nascimento e morte, paira a inscrição: "Aqui descansa em paz aquele que foi a alegria do povo". Não parece.
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