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Tempos que não voltam mais
Nelson Albuquerque
Do Diário do Grande ABC
25/03/2010 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


O passado, de boas lembranças ou não, é o tema que atiça o contador e economista Valter Célio, 58 anos, de Santo André. Tanto que o levou a virar escritor. Primeiro escreveu o livro de crônicas romanceadas Proibido para Menores de 40 - ainda inédito, porque antes resolveu lançar um apanhado de frases nostálgicas com o título "Sou do Tempo em que..." (Editora Alternativa, 168 págs., R$ 12).

A obra reúne 160 citações que recuperam um pouco do comportamento antigo e, às vezes, o coloca em confronto com os tempos atuais. A frase, por exemplo, que reforça o título é "Sou do tempo em que o cara que dormia com a minha mãe era o meu pai". Os assuntos vão de namoro a futebol, de artes a política.

Célio mostra alguma saudade do passado, mas diz receber bem as novidades do presente. "Houve muita evolução. Hoje temos celular e internet, mas parece que isso ocupou lugar de outras coisas boas. A gentileza, infelizmente, ficou para trás", entende.

O autor, como diz no livro, é do tempo em que "as pessoas baixavam o som da TV em transmissões de futebol para ouvir Osmar Santos no rádio", em que "os jogadores brasileiros só jogavam na Seleção Brasileira", em que "Sérgio Reis era cantor da Jovem Guarda" e em que "Plínio Marcos vendia seus livros nas filas de teatro".

Hoje, ele fala que o futebol arte do Santos tem de ser preservado. "Só não pode é o jogador perder o respeito", ressalta. Na TV, o assunto do momento é Big Brother. "Para mim, é um retrocesso absurdo, um mau uso de uma tecnologia fantástica, mas temos de respeitar porque muita gente gosta", afirma.

Pai de três filhas, defende a independência da mulher. Mas lembra, no livro, que ele é do tempo em que "ser mãe solteira era um escândalo".

Nascido em Mirandópolis, Valter Célio mora na região desde 1981. Mas antes, na década de 1970, se formou em Economia pelo Imes (ele é do tempo em que a USCS ainda era Imes) e em Ciências Contábeis pela Fundação Santo André.

O pequeno livro - mede 15cm x 10,5cm - está disponível em bancas de jornal, algumas livrarias e direto com o autor (valtercelio@hotmail.com).

Trechos

Sou do tempo em que...

- A gente espantava o pássaro, nas sessões da Condor Filmes.

- A parte de baixo do biquíni era maior que a de cima.

- As mulheres solteiras eram virgens, principalmente minha irmã e minha filha.

- As músicas tinham letra que a gente entendia.

- Todo mundo sabia quem era a Miss Brasil.

- Os alunos se levantavam quando a professora entrava na classe.

- As pessoas se cumprimentavam quando se cruzavam na rua.

- As crianças cumprimentavam os parentes mais velhos pedindo a bênção.

- Alguns políticos eram corruptos.




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