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Mulheres se destacam no cinema nacional
Alessandro Soares
Da Redaçao
19/02/2000 | 15:34
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O olhar feminino está mais presente nas telas do cinema brasileiro. Os anos 90 registraram várias diretoras assumindo o comando de filmes, além de atuar em outras funçoes no set, antes predominantemente masculinas. O ponto alto deste binômio mulher e cinema deve ser Lara, longa-metragem da atriz e diretora Ana Maria Magalhaes sobre a vida de Odete Lara, atriz que teve forte presença no cinema dos anos 60 e nao viveu num mar de rosas (leia texto abaixo). Ainda em fase de filmagens, Lara deve ser lançado no segundo semestre.

"Odete foi uma mulher de vanguarda nos anos 40. A realizaçao profissional nao existia para mulheres da época. Ou eram esposas ou amantes. Odete rompeu com esse acordo tácito, esse círculo vicioso. Sua imagem séria chamava atençao e ela desenhou esse perfil para si, uma mulher concentrada, lânguida e sensual sem ser falastrona e fútil", explica Ana Maria.

Do ponto de vista do discurso cinematográfico, o desenho feminino nas telas obedece a padroes masculinos (a mulher servindo como esposa, amante e filha), seja no Brasil ou no exterior. As tentativas de rompimento vêm do feminismo.

Contudo, diretoras como Daniela Thomas, Tata Amaral, Carla Camurati, a andreense Eliane Caffé, Sandra Werneck, Laís Bodansky e Anna Muylaert estao lançando seus olhares nos anos 90 preocupadas mais com a estética do que com o gênero. Elas se juntam a Tizuka Yamasaki, Suzana Amaral, Ana Carolina e outras, que despontaram nos anos 70 e 80.

O universo feminino é bastante destacado por Tata Amaral (Um Céu de Estrelas): a mae, a noiva, a jovem que busca seu espaço. "Acho que existe diferença de olhares entre homens e mulheres, mas nao sei se podemos classificar essa diferença. A simples presença de mais mulheres na direçao muda alguma coisa. As mulheres sempre tiveram papel importante na organizaçao da sociedade", diz.

Para Carla Camurati, homens e mulheres têm perspectivas diferentes. "Existem diretoras com uma visao muito masculina, mas existem homens com um olhar muito feminino. Nao gosto desse tipo de divisoes, rígidas. Gosto de personagens femininos, como a Carlota Joaquina e a criada de La Serva Padrona, mas nao pretendo apenas ter mulheres como personagens fortes", conta.

A andreense Eliane Caffé (Kenoma) acredita que só dará para medir a intensidade do olhar feminino com o tempo. "A medida em que estas obras feitas por mulheres forem proliferando, poderemos falar em olhar feminino. A especificidade desse olhar está na afirmaçao da mulher nesse território de realizaçao", explica.

Eliane lembra que a estrutura do set de filmagem está mudando no Brasil. "A presença da mulher é cada vez mais intensa em papéis-chave da equipe. Mas ainda sao poucas em funçoes que requerem força, como eletricista", analisa.




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