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Em São Paulo, o retorno ao Brasil Colônia

Estamos falando de uma época, chamada de Antigo Regime...

Ademir Medici
19/05/2015 | 07:00
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“Estamos falando de uma época, chamada de Antigo Regime, onde a desigualdade era considerada natural. As pessoas já nasciam desiguais. Os documentos expostos refletem essa hierarquia, costumes e tradição.”

Cf. Marcelo Quintanilha, do Arquivo Público do Governo do Estado, em entrevista transmitida pela Rádio Estadão no programa de memória apresentado por Geraldo Nunes.

No Grande ABC, basta tomar o trólebus até o Jabaquara ou o trem até o Brás e pegar o metrô. De lá, em pouco tempo chega-se à estação Tietê, em São Paulo. Caminha-se cinco minutos e pronto: o visitante alcança o Arquivo Público do Estado de São Paulo, onde verá a exposição Em nome d’El Rey, sobre os 250 anos do governo de Luís António de Sousa Botelho Mourão.

Luís Mourão foi o quarto Morgado de Mateus de São Paulo. Ele governou a capitania durante dez anos (1765 a 1775), reorganizando-a – extinta em maio de 1748, a Capitania de São Paulo ficou acéfala durante 17 anos.

Um momento difícil e de pobreza para São Paulo. As atenções se voltavam para Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, onde se descobriam as minas de ouro e diamantes. E São Paulo, que abrangia também essas localidades, passou ao controle do Rio de Janeiro como simples comarca – recriada, abrangia Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e sua principal missão era defender a colônia portuguesa das invasões dos castelhanos.

“A população da Capital de São Paulo era esparsa. Sua economia, fraca. E havia as invasões”, explica o historiador Marcelo Quintanilha, diretor do Acervo Permanente do Arquivo do Estado e responsável pela exposição.

O Morgado de Mateus nomeado por D. José I, Rei de Portugal, para governar São Paulo, era comandante militar de fato. Tinha sido herói da guerra dos Sete Anos defendendo Portugal. E em São Paulo faz um governo inovador.

De um lado, combate os castelhanos na fronteira do Sul. Estabelece um forte em uma região chamada de Iguatemi, na fronteira do Mato Grosso com o Paraguai – cujas ruínas ainda existem. Por sinal, recebeu muitas críticas pelos recursos gastos.

Internamente, estabelece a Junta de Justiça, refunda a Casa da Moeda e incentiva a exploração de ferro na região de Sorocaba. Historiadores o chamam de ‘urbanizador’, já que se preocupou com a formação de povoações para reunir gente esparsa no vasto território. Exemplos: determinou o arruamento de Campinas e a criação da Vila de Iguape.

“Os sucessores continuaram essa política que ele estabeleceu reorganizando a Capitania e fomentando a economia, principalmente José Bernardo de Lorena, que foi o capitão-general que construiu a chamada Calçada do Lorena, o Caminho do Mar, que liga São Paulo a Santos, para estimular a importação e exportação de gêneros”, informa Marcelo Quintanilha.

A Calçada do Lorena é de 1792. Vinte anos depois, em 1812, o atual Grande ABC ganhava o seu primeiro loteamento urbano, a Vila de São Bernardo, ainda no Brasil Colônia.

EXPOSIÇÃO E SEMINÁRIO

Quem for ao Arquivo do Estado verá documentos originais restaurados do tempo do Morgado de Mateus. E amanhã, durante todo o dia, um seminário com historiadores brasileiros e portugueses explicará como se dava a correspondência oficial de documentos entre o Reino de Portugal e a Capital de São Paulo.

Uma das palestras será proferida por Ana Canas Delgado Martins, diretora do Arquivo Histórico Ultramarino, do Instituto de Investigação Científica Tropical, em Portugal. Título: São Paulo do outro lado do espelho: uma travessia pelos ‘papeis’ do Conselho Ultramarino.

Seminário: Documentos que viajam: correspondências entre arquivos do Ultramar. Em nome d’El Rey: 250 anos do governo Morgado de Mateus em São Paulo (1765-2015)

Local: Arquivo Público do Estado de São Paulo

Endereço: Rua Voluntários da Pátria, 596, Capital

Quando: amanhã, dia 20, com abertura oficial às 9h30

Informações: 2089-8141; editoria@arquivoestado.sp.gov.br

Diário há 30 anos

Domingo, 19 de maio de 1985 – ano 28, nº 5829

Feira da Fraternidade de Santo André – Lance anotado pela jornalista Claudete Reinhart: ‘

Hoje

Dia das Comunidades Eclesias de Base

Dia do Defensor Público

Dia do Físico

Em 19 de maio de...

1915 – Com 14 tiros de revólver, soldados matam o morador João Cláudio, no bairro do Ipiranguinha, em Santo André. Alegação: a vítima, embriagada, ameaçara matar a amante e sua filha.

- A guerra. Do noticiário do Estadão: ‘Vitória dos ingleses em Lá Bassée’.

1930 – Baleado no trem, próximo à estação de Mauá, o mecânico João Machado, 29 anos, residente em Mogi das Cruzes. Aberto inquérito na delegacia de São Bernardo.

1955 – Quatro detentos evadem-se pela porta principal da cadeia de Santo André.

1965 – Um ano após o golpe militar, dom Jorge Marcos de Oliveira, bispo diocesano de Santo André, assina corajoso manifesto analisando a situação social brasileira.

1970 – Sindicatos e federações do Estado exigem explicações do governo e do Estado sobre a morte de Olavo Hansen, de Mauá, que pertencia ao Sindicato dos Químicos do ABC. Foi morto em 2 de maio depois de ter participado de uma manifestação pacífica no dia anterior.

1975 – A Prefeitura de Mauá repassa ao Estado os serviços de água e esgoto.

2000 – Inauguração do Banco do Povo em São Bernardo.

Municípios Paulistas

Celebram aniversário hoje: Alambari, Araçariguama, Arapeí, Barra do Chapéu, Bertioga, Cajati, Campina do Monte Alegre, Canitar, Dourado, Emilianópolis, Engenheiro Coelho, Estiva Gerbi, Hortolândia, Novais, Potim, Ribeirão Grande, Saltinho e Tuiuti.

Bertioga. Elevado a município em 19-5-1991, quando se separa de Santos, de quem era distrito.

Santos do dia

- São Francisco das Chagas. Século 17. Barro cozido e policromado. Proveniente da Capela de Nossa Senhora dos Aflitos de São Paulo.

Imagem faz parte da exposição Barro Paulista: a tradição bandeirante do imaginário em barro cozido. Em cartaz no Museu de Arte Sacra, Capital (Avenida Tiradentes, 676, bairro da Luz).

Nasce um museu

Depoimento: Dalton Sala

Todas essas imagens expostas são do acervo do Museu de Arte Sacra. Nada veio de fora para a exposição. É um estudo sobre esse acervo. Trabalhei muitos anos aqui. Tenho uma intimidade muito grande com esse museu. Foram quatro anos de trabalho, como funcionário. Depois continuei estudando esses assuntos. Comecei a perceber essas peças em outros contextos.

- Crispim de Viterbo

- Ivo

- Prudenciana  




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