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Superprodução ‘Roma’ estréia na HBO
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
08/10/2005 | 09:28
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A República está ruindo no mar de lama da corrupção e das orgias da classe política enquanto um popular representante da elite e um homem do povo que ascendeu ao governo disputam poder. Este texto não está na página de política porque estas linhas não resumem as atualidades de Brasília. É a sinopse de Roma, minissérie em 12 episódios semanais co-produzida por HBO e BBC. Estréia neste domingo, às 22h, no canal por assinatura HBO (Vivax, Directv e Sky), os dois primeiros capítulos, com 50 minutos de duração cada.

Esta superprodução de US$ 100 milhões de dólares, orçamento estratosférico para televisão, toda rodada no lendário estúdio Cinecittà, em Roma, impressiona pelo esmero na pesquisa, com cenários, figurinos e adereços artesanalmente produzidos e fiéis ao que se sabe sobre a época. Os atores não são top de linha, mas rostos conhecidos do segundo escalão do cinema. Criação e roteiro são de Bruno Helder e John Millius. Michael Apted (Na Montanha dos Gorilas) dirigiu os três primeiros episódios. Após sua estréia nos Estados Unidos, em agosto passado, Roma veio, viu e venceu. A boa audiência dominical animou a HBO a decidir por uma segunda temporada, já em produção.

O ano é 53 a.C., quatrocentos anos depois da fundação da República de Roma, cujo princípio era compartilhar poder e nunca deixar um único indivíduo no controle total. Júlio César (Ciaran Hinds) está fora há oito anos, na conquista da Gália, e é um popular general. Em Roma, Pompeu Magno (Kenneth Cranham), plebeu que subiu na carreira militar, é um prestigiado veterano de conquistas. Enquanto César trama contra Pompeu, este articula com senadores contra o imperialismo de César. Roma se divide entre a guerra civil e o poder tirano.

Isto é história. Em Roma, personagens fictícios tangenciam esse contexto e os diferenciais são perspectiva e ousadia, tanto o ponto de vista da aristocracia e suas intrigas de alcova, como das classes inferiores, personagens tão atores da história quanto os nomes que ganham estátuas e bustos. Aqui figuram nomes como o centurião Lúcio Voreno (Kevin McKidd) e sua mulher Niobe (Indira Varma). A ousadia está no desfile de corpos nus, mulheres e homens, fazendo sexo não explícito na TV, mas em posições que só filmes eróticos ousam mostrar. Polly Walker faz a lasciva e desinibida Atia, sobrinha de César, que não se importa em tornar a filha concubina para transitar no poder; Ray Stevenson é o legionário Tito Pullo, igualmente lascivo e responsável por uma série de acontecimentos que favorecem as pretensões imperiais de Júlio César. Senhores transam na frente de escravos, mãe se despe diante do filho, humilhação de escravos e cirurgia no cérebro são algumas das ousadias dos primeiros capítulos.

Outra possível leitura de Roma vem da analogia. Na civilização que inspirou a formação dos Estados Unidos, um político clama no senado a respeito da guerra: "Por que César mantém seus soldados longe da família?" – pense em Bush e Iraque, por exemplo. Mas é possível comparar até com o Brasil. O mesmo político faz outro pronunciamento: "Por que César comprou cada senador? Para se tornar tirano". Parece que, dos romanos, só nos sobraram os vícios.




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