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Homeopatas lutam contra preconceito
Henrique Munhos
Especial para o Diário
23/04/2011 | 07:30
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Pesquisa do Ibope apontou que 53% dos brasileiros aprovam os tratamentos homeopáticos. Apesar disso, os médicos que optam por esse tipo de tratamento dizem que ainda sofrem preconceito por parte de alopatas. "Muitos médicos pensam que é algum tipo de crença, ou coisa de gente ignorante. Dizem isso por não saber do que se trata", afirmou a homeopata e professora da Faculdade de Medicina do ABC Elizabeth Zapater, 57 anos.

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a homeopatia, tratamento natural à base de compostos vegetais, animais e minerais, é o segundo sistema médico mais usado no mundo. Reconhecido como especialidade médica no Brasil desde 1980, esse tratamento ainda é pouco aceito pelos médicos mais antigos. "Pela comprovação científica ter chegado há pouco tempo, muitos doutores ainda pensam que a homeopatia tem uma ação empírica. O que não é verdade", disse o naturólogo José Dorgival, 58.

Dorgival, que é fundador do Centro de Terapias Naturais Sant'anna, não condena esse pensamento dos médicos. Segundo o naturólogo, é normal que esses doutores sejam contra algo que eles não estudaram.

Elizabeth, que é homeopata desde 1986, é coordenadora do Ambulatório de Homeopatia da Faculdade de Medicina do ABC, que completará cinco anos em 2011. Todas as quartas-feiras, a médica e mais 24 alunos disponibilizam atendimentos gratuitos à população na universidade. São realizadas de cinco a seis consultas por dia. Cada uma tem duração que varia entre 40 minutos e uma hora.

A médica homeopata critica a discussão do tratamento no País. "É claro que pode-se gostar ou não de homeopatia. Mas, muitas vezes, esse tratamento é condenado sem que as pessoas conheçam. E não fazem isso com os outros tratamentos."

Elizabeth disse que a ideia de fundar o ambulatório na Faculdade de Medicina do ABC é justamente para levar esse conhecimento para estes alunos. "Não quero formar homeopatas, e sim mostrar um caminho."

A proposta vem conquistando alunos, que sugeriram a Elizabeth que formasse a Liga de Estudos Homeopáticos. "Ia desistir da medicina, pois não estava me satisfazendo. Quando conheci a homeopatia, voltei a tomar gosto pela profissão. Aqui vi o jeito que o ser humano merece ser tratado", disse a estudante Maria Fernanda, 23.

VANTAGENS
A fundadora do Ambulatório de Homeopatia da Faculdade de Medicina do ABC disse que a maior procura pelo tratamento vem de pessoas que tentaram outros e não obtiveram sucesso.

O estudante Matheus Alves, 11, filho da dona de casa Cicera Ribeiro Alves, 42, é um desses casos. "Meu filho era muito nervoso, estressado, e não tinha bom rendimento na escola. Procurei todo o tipo de tratamento, mas só com a homeopatia obtive uma resposta positiva", comentou a mãe.

O naturólogo José Dorgival citou as principais vantagens do tratamento. "O maior benefício da homeopatia é o baixo custo e a não intoxicação do organismo", finalizou.

 

Acupuntura tem mais espaço entre profissionais do Brasil 

A acupuntura não sofre do mesmo dilema por que passa a homeopatia. Muitos médicos alopatas receitam o tratamento à base de agulhas para a cura do paciente. "Diferentemente da homeopatia, a acupuntura é estudada há 6.000 anos. Por isso os médicos já confiam", declarou o naturólogo José Dorgival.

O médico acupunturista Nelson Belloto Júnior, 46 anos, professor da Faculdade de Medicina do ABC, disse que os mecanismos de ação da acupuntura são mais elucidados do que os da homeopatia, e por isso a compreensão dos médicos é maior. O professor disse que 80% dos tratamentos realizados são a partir de encaminhamento de outras especialidades.

Belloto Júnior também contou que o principal erro dos alopatas é acreditar que a acupuntura é um tratamento que funciona somente contra a dor. "Atuamos em todas as especialidades. É preciso uma análise de cada paciente para saber como funcionará o tratamento."

O professor disse que realiza de 20 a 25 atendimentos por dia no Ambulatório de Acupuntura da Faculdade de Medicina do ABC, que está aberto às quartas-feiras, a partir das 18h.

Diferentemente da homeopatia, a acupuntura é disciplina optativa do curso de Medicina na Faculdade de Medicina do ABC desde 2003. Segundo o médico Leandro Teixeira, a desistência dos pacientes é mínima. "Quase todos aprovam", disse Teixeira, ao ressaltar que o tratamento é realizado apenas após prescrição médica.

A analista de recursos humanos Maíra Simionato, 22, é um desses casos. Após passar por diversos médicos e ficar afastada do trabalho por um mês, devido a uma hérnia de disco, Maíra iria operar, quando foi aconselhada a praticar acupuntura. "Passou a dor, não precisei operar e agora pratico toda semana. Estou muito melhor", comentou.

 

Consumo de fitoterápicos é alto no País 

Medicamentos fitoterápicos têm boa aceitação entre a população brasileira. Muitos médicos alopatas receitam somente esses medicamentos naturais para seus pacientes. Porém, é muito difícil achar algum fitoterapeuta em atividade.

A nutricionista Paula Cavalini fez um curso de fitoterapia, e não sabe dizer se existe algum médico fitoterapeuta. "Só conheço pessoas iguais a mim, que trabalham em uma função específica e receitam somente medicamentos fitoterápicos."

Paula afirmou que os remédios fitoterápicos não têm contraindicação e podem ser consumidos por qualquer pessoa. "Desde que seja usado corretamente", comentou. Assim como nos outros tratamentos naturais, cada caso tem de ser verificado separadamente. O naturólogo José Dorgival cita que a ação breve e eficaz também são as principais qualidades desses medicamentos.

No caso dos remédios nutricionais, o medicamento fitoterápico é a solução após muitas proibições de certos medicamentos alopáticos. "Percebi que faltava alguma coisa. Então, após estudar bastante, optei por receitar esses remédios naturais", disse Paula.

A empresária Patrícia Helena Xaves, 30, aprovou o tratamento que realiza desde 2004. "Já tinha tomado de tudo para tentar emagrecer. Depois que comecei o tratamento à base de remédios naturais, tive resultado e não larguei mais."




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