Carandiru reabre sexta o Cine Popular em São Bernardo, que mudou de endereço, foi reformado e ganhou mais poltronas (200 lugares em relação aos 144 anteriores). A nova sala se localiza a poucos metros da primeira, na rua Santa Filomena, e continua o único cinema comercial de rua do Grande ABC, com preços populares (R$ 6, de quinta a terça-feira, e R$ 4 às quartas-feiras, com meia-entrada em todas as sessões).

A nova sala se localiza onde funcionava o Cine Escala, que exibia programação pornográfica. O local passou por reformas gerais, ganhou novas poltronas estofadas com porta-copos, ar-condicionado, acesso para deficientes e poltronas para obesos, e se tornou o novo Cine Popular. O antigo passa a ser o Escala, que já está exibindo filmes pornôs. Uma troca de lugares, portanto, na mesma rua.

A proposta se mantém: exibir filmes que não são lançamentos e que deixaram as telas comerciais para baratear os custos da exibição. E que sejam preferencialmente dublados, se forem produções estrangeiras. Não é o caso de Carandiru, filme brasileiro de Hector Babenco inspirado no livro Estação Carandiru, de Drauzio Varella, visto por 4,630 milhões de pessoas. A questão penitenciária é vista pelo lado de dentro, com histórias fragmentadas do ponto de vista dos presos da Casa de Detenção, reunidas no massacre de 111 presos, após uma lamentável invasão da PM em 1992.

No grande elenco desta superprodução, destacam-se Rodrigo Santoro como o travesti Lady Di, Ivan de Almeida como Nego Preto, Aylton Graça como Majestade e Gero Camilo como Sem Chance. A polícia ruge e os bandidos, nada inocentes, pedem clemência. Um emblema do filme é a troca de olhares incrédulos entre o gato de um criminoso e o cão policial num corredor ensangüentado após o massacre.