O senador e governável Aloizio Mercadante (PT) teve sexta-feira, mais uma vez, de dar explicações a respeito do ex-coordenador de comunicação de sua campanha Hamilton Lacerda, que sexta-feira prestou depoimento à Polícia Federal. Ele participou, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à reeleição, de panfletagem em frente às fábricas da DaimlerChrysler e da Ford em São Bernardo.

A menos dois dias das eleições, um novo fato foi divulgado: Hamilton teria trabalhado na campanha ao mesmo tempo em que acumulava a função de assessor de Mercadante no Senado. Além disso, mesmo após o seu afastamento por envolvimento na crise do dossiê, Hamilton teria demorado a ser exonerado, o que foi desmentido pelo senador.

Segundo Mercadante, Hamilton fora exonerado no mesmo momento em que “quebrou a sua confiança”. “Assim que soube do seu envolvimento, no dia 20 de setembro, dei uma coletiva e anunciei o afastamento dele da minha assessoria e da minha campanha. No mesmo momento, assinei a exoneração, que foi por Sedex para Brasília. Às 9h30 da manhã do dia 21 foi protocolado no Senado. Só foi publicado no Diário Oficial depois por conta dos trâmites burocráticos”, explicou.

O petista avaliou ainda que não houve incompatibilidade nas funções acumuladas por Hamilton. Mercadante ressaltou que as funções eram exercidas em turnos diferentes. “A legislação não proíbe o assessor parlamentar de participar de campanha. Pelo contrário, é da natureza da sua atividade. O que não pode é fazer isso no exercício da função. No caso dele, basicamente acompanhava o fechamento do programa de rádio e televisão, feito no período da noite. Portanto, totalmente compatível com outras atividades.”

Mercadante admitiu, no entanto, que Hamilton participou de algumas atividades de campanha. “Eventualmente, quando tinha alguma atividade no Grande ABC, ele queria participar”, reconheceu. De fato, a última vez que Hamilton foi visto ao lado de Mercadante em campanha foi numa carreata realizada em São Caetano, cidade que Hamilton sempre teve a pretensão de governar. Sobre este novo episódio, Mercadante disse: “É parte da disputa política, do ataque de quem está preocupado que eu vá para o segundo turno”.