O governador reeleito Geraldo Alckmin (PSDB) disse que, caso aprovadas as emendas da Bancada do ABC ao Orçamento de 2003, o governo do Estado vai priorizar a execução das reivindicações da região. “Vamos implementar nosso acordo do Grande ABC, nosso protocolo de intenções assinado com a Câmara Regional.” Alckmin condenou o uso de emendas individuais que pedem recursos para obras pontuais e disse que não deverão ser aprovadas.

Alckmin esteve na região na última quinta-feira e falou rapidamente ao Diário. De acordo com ele, o Estado vai priorizar a asa sul do Rodoanel e não pretende, pelo menos neste momento, investir no prolongamento da Jacu-Pêssego até Mauá. “O que temos pensado é fazer o trevo, o viaduto na Ayrton Senna (para interligar as duas vias), que é a nossa parte.”

Diário – O governo vai atender as reivindicações contidas nas 21 emendas ao Orçamento apresentadas pela Bancada do ABC, que os deputados selecionaram com base na pauta da Câmara Regional, na qual o sr. é o principal executivo?
Geraldo Alckmin – A Assembléia Legislativa tem tido uma boa tradição, a de não aprovar emenda pontual. Não me parece adequado a aprovação desse tipo de emenda, que pede para fazer uma única obra em uma determinada cidade. Isso fatia demais o Orçamento. Acho que temos de contemplar no Orçamento as grandes linhas mestras da região: combate às enchentes, educação, saúde, segurança pública, obras de infra-estrutura para a logística da região. Tudo isso deve estar contemplado no Orçamento. E a a Assembléia tem total liberdade. Essa é a grande tarefa da Assembléia, debater e aprovar o Orçamento.

Diário – O sr. foi reeleito com 663 mil votos no Grande ABC, ante 705 mil do candidato do PT, José Genoíno. Parece uma proporção bastante grande em um território eminentemente petista. Quais serão as perspectivas do sr. para a região agora, como governador eleito?
Alckmin – O ABC é nossa total prioridade. Vamos trabalhar junto com as prefeituras, com a sociedade civil, com a comunidade. Estamos iniciando novos piscinões. Vamos implementar nosso acordo do Grande ABC, nosso protocolo de intenções assinado com a Câmara Regional. Nossos compromissos com o ABC, que é a questão da educação, como a criação da primeira Fatec (em Mauá), da saúde, como os dois hospitais novos (Hospital de Serraria, em Diadema, e o Estadual, em Santo André), a segurança pública, com as novas delegacias participativas, a ampliação das polícias, com novas companhias e equipamentos, e a política de desenvolvimento, que significa infra-estrutura inclusive para o desenvolvimento, com a ampliação do do Rodoanel, agora em sua asa sul.

Diário – Com relação às soluções estaduais para resolver os problemas logísticos da região, de que forma o governo vai se envolver no prolongamento da avenida Jacu-Pêssego da zona Leste de São Paulo até Mauá, conforme os prefeitos do Grande ABC, da capital e de Guarulhos estão pedindo?
Alckmin – Acho que esse é o objetivo. Nós podemos fazer um grande anel pela asa sul, chegando à Jacu-Pêssego, à Ayrton Senna e até o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos. Esse é um grande projeto. O que está mais adiantado, e que devemos fazer mais rapidamente, é a asa sul do Rodoanel. Já contratamos o projeto executivo. São mais de R$ 30 milhões do Orçamento apenas para essa fase. Depois, vamos licitar a obra propriamente dita. A questão da Jacu-Pêssego envolve uma obra municipal, porque foi feita pela Prefeitura de São Paulo. Mas podemos analisar a interface estadual com esse projeto, para ver em que podemos ajudar. O que temos pensado é fazer o trevo, o viaduto na Ayrton Senna (para interligar as duas vias), que é a nossa parte.

Diário – O Consórcio Intermunicipal espera o sr. no dia 19 para a assinatura de mais dois acordos no âmbito dos 50 já assinados entre o governo estadual e a Câmara Regional: um prevê a criação de um sistema regional de segurança e outro o projeto de extensão da Jacu-Pêssego para interligação entre Mauá e o Aeroporto de Cumbica. O sr. já está sabendo disso?
Alckmin – Ainda não recebi o convite, mas recebendo nós vamos analisar.

Diário – Quando começa a escolha do novo secretariado do Estado?
Alckmin – Ainda está muito cedo para falar sobre isso. Nós deveremos falar a respeito das secretarias mais para o fim do ano.

Diário – O sr. pretende convidar o prefeito de São Bernardo, Maurício Soares, para seu secretariado?
Alckmin – O Maurício tem estatura para ser governador. Não conversei com o Maurício sobre isso, mas ele é um grande quadro, um grande companheiro, fez um grande trabalho em São Bernardo. Essa questão de secretaria é mais para o fim do ano.