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Apeoesp incitou greve dez dias antes da eleição

Em discurso partidarizado, presidente da entidade pedia paralisação para ‘balançar’ o governo Alckmin

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
08/05/2015 | 07:00
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Arquivo/DGABC


A presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Maria Izabel Noronha, a Bebel, em vídeo gravado dez dias antes da eleição estadual do ano passado e postado no site da entidade três dias depois do primeiro turno, adiantava que haveria greve dos professores da rede pública no ano seguinte, em discurso no qual já partidarizava a paralisação da categoria. O partido no qual Bebel está filiada, o PT, rivalizou com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) no pleito paulista.

Os professores estaduais estão em greve há 56 dias. A instituição reivindica reajuste salarial de 75,33%, enquanto o governo tucano informou ter majorado os vencimentos do corpo docente em 45% no acumulado dos últimos quatro anos, além de ter concedido bônus de R$ 1 bilhão aos professores neste ano.

No vídeo gravado no dia 25 de setembro de 2014 – dez dias antes do primeiro turno –, Bebel cita negociação com a Secretaria Estadual de Educação e adianta: “Haverá greve no ano que vem”. “Tive reunião com secretário (Herman Voorwald, de Educação) para tratar dos salários. Ele disse que seria zero de reajuste. Com zero de reajuste, claro, né, moçada, no ano que vem é greve, não tem por quê. Como temos ano conturbado (por causa da eleição), no ano que vem tem de ser. Começar o ano com forte greve”, discursou Bebel, em ato na Avenida Paulista.

A Apeoesp tem negado conotação politica na greve, muito embora muitos dirigentes da entidade sejam filiados em partidos de oposição ao governo do PSDB em São Paulo, como PT, Psol e PSTU. Porém, na gravação do ano passado, Bebel dava o tom de como seria a paralisação na rede pública. “Precisamos fazer greve para balançar a estrutura do Estado de São Paulo.”

Ontem, após vistoria em obras da Linha 5-Lilás (Capão Redondo-Chácara Klabin) do Metrô, Geraldo Alckmin defendeu a política salarial do governo do Estado. “Nos últimos quatro anos fizemos plano de cargo e recuperação salarial. Estamos 26% acima do piso salarial nacional dos professores. Demos 21% de reajuste acima da inflação. Faz oito meses que demos aumento. Não tem nenhum sentido discutir aumento e reajuste oito meses após”, rebateu.
Bebel não retornou aos telefonemas da equipe do Diário. 




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